UE: Os cíclicos recados e a ‘paranóia reformista’…
Mais uma vez a UE ao analisar a situação portuguesa volta a colocar o acento tónico na intensificação do ‘ímpeto reformista’ link.
É uma recomendação crónica para além do caricato que a questão encerra neste momento, isto é, Mário Centeno, presidente do Eurogrupo, a transmitir recados a Mário Centeno, Ministro das Finanças português.
A forma genérica encontrada pela UE para definir esta ambiguidade crítica é solicitar a promoção reformas ambiciosas que promovam (passe a redundância) o desenvolvimento económico.
Penso ser uma asserção do tipo Monsieur La Palisse. As reformas serão sempre necessárias e, por tal motivo, óbvias. Por outro lado, a ambição é uma característica humana.
O difícil é definir o tipo de reformas que cumpram o objetivo de desenvolvimento (e não só de crescimento). E fazer isso sem espezinhar as pessoas e os seus direitos poderá ser o busílis. Na realidade, a UE pretende ignorar - contornar o facto - que no País governa o Partido Socialista, apoiado pela Esquerda. E sendo assim as reformas difíceis - mas sempre possíveis - mereceriam, de súbito, a viva excomunhão de Bruxelas.
Seria bom, por exemplo, que a UE se pronunciasse, neste 'terreno reformista', sobre o que preconiza acerca do capítulo das ‘reformas laborais’ e, mais acutilante, em que sentido.
Na verdade, quando o país foi intervencionado pela troika - da qual a UE era parte integrante - os cortes (nos salários, nas pensões, nas regalias sociais, nos feriados, etc.) e os aumentos (nos horários de trabalho, nos impostos, etc.) foram travestidos e conotados como sendo ‘reformas estruturais’. Uma ambição desmedida, deslocada e falaciosa.
Dando crédito a essa 'ambição liberalizante' que foi explorada pela Direita no chamado ‘período de ajustamento’ (a quê?) temos como resultado economicamente uma mão cheia de nada e, no contexto da criação de riqueza, um evidente retrocesso nos mecanismos de redistribuição.
Todavia, os dirigentes europeus deveriam conhecer qual o sentido habitual dos percursos históricos. Na ressaca das Reformas (...mesmo das falsas) o que se segue são as ‘Contra-Reformas'. Muitas vezes mais virulentas (cruentas) do que a própria Reforma como, p. exº., nos ensina os recuados tempos do século XVI e o histórico trajeto religioso luterano (Reforma Protestante).
Já é tempo de a UE entender que Portugal precisa de um processo de ‘Contra-Reforma’. E que, em termos de competitividade e de produção, as reversões das famigeradas 'reformas estruturais', alinhavadas pelo PSD/CDS, têm funcionado, apesar das antecipadas e repetidas maldições dos gurus com praça assente em Bruxelas.
Mário Centeno, nos exercício das suas novas funções, deverá ter presente uma incompatibilidade primária, de índole cristã, que os 'sacerdotes' (há de várias espécies e com múltiplas máscaras) ensinam no seu magistério 'apostólico' e/ou 'mundano': não se pode servir (bem, é de supor) simultaneamente a Deus e ao Diabo.
E neste caso o conselho que nos atrevemos a dar a Mário Centeno é que deixe o Diabo para a Direita, que nos últimos tempos lhe tem dirigido sucessivos chamamentos e prepara-se para lhe 'vender a alma’…
Na verdade, os 'deuses' (passe a alegoria no plural) tem-nos acompanhado - mesmo na ausência das impetuosas reformas solicitadas - contrariando as cíclicas recomendações e previsões oriundas dos think tanks de Bruxelas pobres em eficácia e pouco, ou nada, criativas.
Já chega de 'verbos de encher' e de 'reprises'...
Já chega de 'verbos de encher' e de 'reprises'...
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