As Beiras 24-01-2005 – carta escrita há 11 anos e publicada em 02-02-2005
«Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) vai assinar pela RTP, regressando ao comentário político televisivo sem que a notícia provoque indignação ou perplexidade. O país, angustiado com a crise a que os últimos três anos o conduziram, desinteressa-se.
Parece ser indiferente que o comentador político seja um destacado militante do PSD, de que já foi presidente, e eventual candidato à Presidência da República; parece ser compatível com a isenção que se espera do canal público o facto de o referido colaborador ter agenda política própria e um empenhamento partidário com abundantes provas; parece ser aceitável oferecer uma tribuna a um partido político no momento provável que antecede a sua passagem à oposição.
A indiferença dos portugueses, o desencanto crescente com a política e a falta de vigilância cívica geram situações patológicas nos critérios de equidade partidária que aos órgãos de comunicação social públicos cabe assegurar.
Assim, paulatinamente, estiola o pluralismo e subvertem-se as regras do jogo democrático. Só não percebo o silêncio dos outros partidos, quiçá convencidos de que o período eleitoral não é adequado à denúncia da fraude informativa que se prepara.
A RTP não tem o direito de ser cúmplice na promoção antecipada de um candidato à Presidência da República (seja MRS, ele próprio, ou o Prof. Cavaco, por seu intermédio) contratando um destacado adversário de um eventual Governo socialista.
A colaboração, também anunciada, do sociólogo António Barreto parece inserir-se na estratégia de cerco ao PS, com a agravante de se fazer conotar com a esquerda, sendo um dos mais destacados intelectuais da direita e nutrindo para com o partido que um dia o fez ministro da Agricultura, um ressentimento exacerbado.»
Apostila - Por curiosa coincidência este texto foi escrito 9 anos antes, no mesmo dia, da eleição do atual PR.
Parece ser indiferente que o comentador político seja um destacado militante do PSD, de que já foi presidente, e eventual candidato à Presidência da República; parece ser compatível com a isenção que se espera do canal público o facto de o referido colaborador ter agenda política própria e um empenhamento partidário com abundantes provas; parece ser aceitável oferecer uma tribuna a um partido político no momento provável que antecede a sua passagem à oposição.
A indiferença dos portugueses, o desencanto crescente com a política e a falta de vigilância cívica geram situações patológicas nos critérios de equidade partidária que aos órgãos de comunicação social públicos cabe assegurar.
Assim, paulatinamente, estiola o pluralismo e subvertem-se as regras do jogo democrático. Só não percebo o silêncio dos outros partidos, quiçá convencidos de que o período eleitoral não é adequado à denúncia da fraude informativa que se prepara.
A RTP não tem o direito de ser cúmplice na promoção antecipada de um candidato à Presidência da República (seja MRS, ele próprio, ou o Prof. Cavaco, por seu intermédio) contratando um destacado adversário de um eventual Governo socialista.
A colaboração, também anunciada, do sociólogo António Barreto parece inserir-se na estratégia de cerco ao PS, com a agravante de se fazer conotar com a esquerda, sendo um dos mais destacados intelectuais da direita e nutrindo para com o partido que um dia o fez ministro da Agricultura, um ressentimento exacerbado.»
Apostila - Por curiosa coincidência este texto foi escrito 9 anos antes, no mesmo dia, da eleição do atual PR.
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