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A mostrar mensagens de abril, 2019

Notas Soltas – abril/2019

Turquia – Apesar da “falta de ambiente livre e justo” referido por observadores da UE, a oposição logrou conquistar as principais cidades do país, nas eleições autárquicas. Foi um estrondoso revés para Erdogan, cada vez mais autoritário e perigoso. Eslováquia – Zuzana Caputova, advogada feminista e liberal, defensora do aborto e dos casamentos gay, eleita PR com 58% dos votos, foi uma surpresa num país conservador, atolado de corrupção e onde as propostas da direita foram amplamente derrotadas. Hungria – A alteração da Constituição, a interferência no poder judicial, a censura aos órgãos de comunicação social, as restrições à liberdade de associação e a afronta aos direitos humanos transformaram Orbán, eleito democraticamente, num ditador. Brasil – O apelo inconstitucional de Bolsonaro, para que os quartéis comemorassem o 55.º aniversário do golpe militar que depôs o governo democrático e deixou um rasto de torturas, execuções e violência, revela bem a demência fasc

A censura escusada ao cartunista

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Para além do reconhecimento do direito à crítica e da defesa da liberdade de expressão, há no traço iconoclasta de António uma saudável crítica ao sionismo e ao destempero de Trump. Devemos saber distinguir o antissemitismo, que é um crime, do sionismo, que é outro.

Espanha – Eleições legislativas

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O resultado eleitoral, como claramente se previa, não permitiu uma maioria absoluta, o que, no futuro, dificilmente voltará a acontecer sem um cataclismo partidário. O PSOE terá de procurar uma coligação num país onde, até em democracia, só houve governos monopartidários. A direita saiu vencida e o mimetismo e a condescendência com o partido fascista Vox, cujo programa extremista normalizou, foram-lhe adversos. A aritmética parlamentar não lhe permite aspirar a ser governo. O PSOE ganhou as eleições com maioria absoluta no Senado, um número de deputados igual à soma do PP e CS e a liderança clara da esquerda. O partido fascista VOX foi o outro vencedor, com votação de dois dígitos e, embora aquém do que se temia, com 24 deputados. A direita, se a esquerda formar um governo coerente e eficaz, terá pela frente uma guerra fratricida a corroê-la. O grande derrotado foi o PP, onde Aznar, o cúmplice da invasão do Iraque, provou ser o ativo tóxico que se revelou letal para o partido c

As eleições espanholas e a literária ‘Jangada de Pedra’…

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As eleições espanholas são de uma crucial importância para Portugal. Dificilmente os dois países escaparão às mudanças que se vislumbram no horizonte europeu e são uma consequência das alterações dos equilíbrios políticos mundiais, decorrentes do fim a II Guerra Mundial e mais recentemente da queda do muro de Berlim, isto é, de uma globalização emergente que levanta enormes desafios internos e cada vez mais questiona as remanescentes ‘atitudes hegemónicas' e imperiais.   Há sempre alguma (e curiosa) sobreposição de trajetória política quando de se compara Portugal e Espanha no último meio século. Não foi por acaso que existiram, concomitantemente, regimes ditatoriais paralelos (embora com génese distinta), uma democratização da vida política quase simultânea (neste caso com alguma dependência e contemporaneidade à volta do desaparecimento físico de ambos os ditadores) e como dessas circunstâncias agregadas, cresceram regimes assentes numa alternância bipartidária (também c

Nuno Melo e as eleições espanholas

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Não sei se foi a saudade de Salazar que hoje faria 130 anos ou a amargura pela morte de Mussolini ocorrida, também no dia de hoje, há 74 anos, que perturbou o entendimento de Nuno Melo, deputado que propôs na AR o voto de pesar pela morte do cónego Melo, quando foi ele que se finou e não os que desejou enviar precocemente para o Inferno. Os democratas estão ansiosos com o efeito disruptivo do partido fascista VOX no tecido político espanhol, depois de ter elegido 12 deputados na Andaluzia com sondagens que previam 0 a 4. Nuno Melo veio dizer que «o VOX não é um partido de extrema-direita». Nuno Melo, candidato a deputado ao Parlamento Europeu, não considera de extrema-direita um partido cujo decálogo andaluz foi o seguinte: 1. Deportação de migrantes legais e ilegais; 2.  Muros "infranqueáveis" em Ceuta e Melilla; 3. Suspensão de autonomias e ilegalização de partidos; 4. Defensa das "gestas e façanhas nacionais"; 5. Vox, contra a "ideologia de género"

Os magistrados judiciais e os seus vencimentos

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Não penso que os magistrados judiciais ganhem mais do que merecem ou devem, mas não aceito que possam ultrapassar, e em muito, o vencimento de primeiro-ministro. O único poder não sufragado (judicial), depois da intolerável chantagem da ASJ sobre o governo, está em vias de obter uma remuneração eticamente condenável e politicamente inaceitável. Gostava, aliás, de saber de outro país em que tal anomalia se verifique. Se os 230 deputados fossem aumentados em uma ou duas centenas de euros mensais, os órgãos de comunicação social e as redes sociais arremessariam insultos e vitupérios. Se o PM, ministros e secretários de Estado fossem aumentados, como deviam, não pararia a gritaria. Se o PR, que ocupa o lugar simbólico de primeira figura do Estado, fosse aumentado, como se impõe, não haveria orçamento que pudesse refletir o aumento nos milhares de cargos autárquicos que lhe estão indexados. O argumento de que os juízes conselheiros, os desembargadores e procuradores-gerais adjuntos

Há 45 anos

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A Páscoa e as PPP no SNS…

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Páscoa é um conceito derivado do latim – Pascha – que significa ‘passagem’ embora a expressão tenha uma remota origem hebraica.  E esta ‘transição’ foi o ritual à volta da extinção (supressão futura) das parcerias público-privadas (PPP) no nosso sistema público de saúde ocorrido nestes últimos dias em relação ao conteúdo de uma nova Lei de Bases a aprovar no Parlamento. Uma ‘passagem’, isto é, um passo de mágica, de uma natural e possível convergência da Esquerda (de toda a Esquerda) para uma nova fissura causada por um pragmatismo liberal, marcadamente capitulacionista, travestido de moderação. Será bom recordar o(s) pretexto(s) que estão na origem das PPP. Elas traduziam primariamente um malabarismo de desorçamentação das empresas públicas administrativas (EPA) na construção do deficit público e, teoricamente, permitiriam um maior investimento no sector público. Mais tarde, com o desencadear da crise financeira de 2008, a teorização subjacente é baseada nas doutrinas neo

Ontem, em Almeida

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Perante os bombeiros em formatura e numerosos populares, o presidente da Assembleia Municipal de Almeida, acompanhado da vereação e da presidente da Junta de Freguesia, depois da reunião da AMA, comemorativa do 25 de Abril, depôs um ramo de cravos no monumento que perpetua o histórico dia. (Foto de Catarina Vilhena de Carvalho) Seguiu-se um almoço popular, com muitas dezenas de pessoas. Em Almeida, o 25 de Abril está vivo.

45.º Aniversário do 25 de Abril

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Com a enorme saudade dos que partiram, Gertrudes da Silva, Monteiro Valente e Eugénio de Oliveira, com Vasco Lourenço ao centro, reproduzo aqui, no 45.º Aniversário da Revolução de Abril, o discurso que proferi na inauguração do monumento que perpetua a memória Na inauguração do monumento ao 25 de Abril em Almeida A inauguração do Monumento ao 25 de Abril em Almeida Senhor presidente da Câmara Municipal de Almeida, Senhor presidente da Associação 25 de Abril, caros cidadãos e cidadãs: Neste dia de júbilo é meu privilégio, em nome da Comissão Promotora do Monumento ao 25 de Abril, em Almeida, saudar todos os presentes e agradecer o apoio dos que me acompanharam nesta odisseia de 12 anos. Lembro com emoção o António Ferreira, já falecido, o Alberto Vilhena, o Aristides, o Zé Vaz e o Rui Nabais, aqui presentes. Todos vivemos ansiosamente a chegada deste dia que devemos ao espírito democrático e à palavra honrada do Sr. Presidente da Câmara a quem felicito e testemunho o no

Há 45 anos ainda o fascismo resistia

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Faltam algumas horas para a madrugada do mais belo de todos os dias. Gastei as palavras, ao longo dos anos, a exaltar Abril, mas não deixei que a emoção me abandonasse nos anos que passaram, em todos os aniversário que celebrei, em cada dia da madrugada em que nasceu o dia mais belo dos dias de todos os anos da minha vida. Aguardava esse dia e nunca duvidei de que viria. Quando ouvi o comunicado do “Posto de Comando”, soube que chegara. Não pensei que houvesse outro lado, que outras mãos pudessem empunhar armas, que as prisões políticas continuassem fechadas ou a censura ousasse continuar. Sofia disse-o na intensa beleza da forma e na densidade da substância, em quatro versos onde se imaginam os cravos que florescem e perfumam a democracia. “Esta é a madrugada que eu esperava O dia inicial inteiro e limpo Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo" Hoje virá a noite que será sempre madrugad

Faltam dois dias para o mais belo de todos os dias

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Os que são fiéis a Abril não esquecem os que o odeiam.

Sri Lanka – O terrorismo de religiões pacíficas

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Os ataques a hotéis e igrejas dificilmente são alheios à rivalidade religiosa que se agrava nos Estados que descuram a neutralidade religiosa e a atenção ao sectarismo pio. Mais de 200 mortos e quase meio milhar de feridos foi o efeito de atos terroristas do domingo de Páscoa contra hotéis e 3 igrejas cristãs, duas delas católicas. O budismo, que não é teísta, é a corrente dominante, seguida do hinduísmo, e em menor grau o islamismo e o cristianismo. Há muito que cresce a violência budista, que se nota na rivalidade entre monges e conventos, e na violência contra populações, sendo o caso extremo o genocídio dos muçulmanos rohingyas na Birmânia. O hinduísmo, para além de manter o iníquo sistema de castas e o ódio a mulheres viúvas que ousem casar-se, onde o facto de não acompanharem os maridos defuntos à pira funerária já é motivo de censura, que só a repressão policial tem evitado, está a viver um surto de agressivo nacionalismo que a questão da Cachemira exacerba na Índia. Dos

Sindicalismo

Os motoristas de matérias perigosas criaram um sindicato que fez uma greve com um presidente alheio à profissão e o vice-presidente advogado e patrão . Não usaram um direito, juntaram exigências legítimas, chantagem e terrorismo de extrema-direita. Não há nada melhor para criar inimigos aos trabalhadores do que a violência que os patrões aplaudem e incitam, com um sombrio “sindicalista” a dirigir a greve.

SNS – básicas discordâncias...

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Enquanto a Direita anda entretida com o ‘ familygate ’ e o País ‘assustado’ com a crise energética, está prestes a entrar no Parlamento, para discussão e votação, a nova Lei de Bases da Saúde. Trata-se de um documento – basilar – para a definição de políticas de saúde para futuro. Trata-se, também, de eliminar o ‘cavalo de Tróia’ que tem sido a versão cavaquista de 1990, revista em 2002 pelo barrosismo, de um conjunto enquadrado de políticas, que proporcionaram pelas suas aberturas, pelas suas indefinições e pela sua ambiguidade o ‘apagamento’ paulatino e progressivo do SNS em favor do sector privado e social. Este será o diagnóstico final – e acertado - que informa a nova Lei e pretende definir as balizas necessárias para uma retoma deste sector público de acordo com os princípios fundacionais, deve ser o núcleo da discussão e o fator decisivo na necessária mudança.    A ‘gritaria’ da Direita de que a nova Lei de Bases (ainda em ‘construção’) é um documento com elevada car

Nas Filipinas

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Semelhanças e diferenças Os cristãos que se fazem crucificar, nas Filipinas, distinguem-se dos suicidas islâmicos. Os primeiros são masoquistas e os segundos sadomasoquistas. Só a superstição e a fé os aproximam na apoteose da demência.

Massacre de Lisboa de 1506

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Há 513 anos, em 19 de abril, em Lisboa, uma multidão perseguiu, torturou e matou mais de 4000 judeus. O Pogrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506, nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, resultou da acusação de serem a causa da seca, fome e peste que assolavam o país. Em 1506 os judeus eram os suspeitos do costume e aos cristãos-novos nem a conversão forçada lhes permitia a tranquilidade. A sua perseguição era uma tradição que a intensa devoção dos católicos exigia e os padres estimulavam. Depois viria a Inquisição, para dar cobertura legal às fogueiras purificadoras, e reunir hereges, bruxas, sacrílegos, apóstatas e outros inimigos da fé na incineração dedicada. Os livres-pensadores duvidam do mau-olhado, da feitiçaria e outros truques e defendem a laicidade com a mesma tenacidade com que os devotos queimavam hereges. Perdeu-se a tradição ibérica que os reis de Espanha, Fernando e Isabel, cultivaram e impuseram a D. Manuel I. Ficaram

Há 46 anos - Fundação do PS

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Em 1973, na cidade alemã  de Bad Munstereifel (RFA), foi dissolvida a Ação Socialista e fundado o Partido Socialista (PS). Havia sonhos de liberdade nos resistentes anti-fascistas, mas foi uma madrugada de Abril que os concretizou 1 ano depois.

A desfaçatez de certa direita

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Certa direita não se satisfaz com o seu poder económico, o quase monopólio dos media, a devoção dos serventuários e as intrigas dos acólitos nas redes sociais. A direita democrática está a ser devorada pela que nunca aceitou a democracia. Os netos do 28 de maio odeiam Abril, considerando excessiva a alternância democrática, e a alternativa de esquerda uma insuportável heresia. Se a família dos interesses deixa de ocupar os lugares políticos e os empregos do Estado chama endogamia aos laços familiares de cargos governativos, de natureza precária. Esta direita que vai desde o primata que Passos Coelho escolheu para autarca de Loures, um defensor da pena de morte e da erradicação de imigrantes e ciganos, até à D. Cristas, Nuno Melo e Cavaco, é a que deteve o poder 48 anos e reivindica a herança. Esta é a direita que, com a sensibilidade de um batráquio, condena a deslocação de sete enfermeiros, ao serviço da Cruz Vermelha, para ajudar Moçambique, após a tragédia do Ciclone Idai,

Laicidade -- Páscoa católica, Justiça e escolas públicas

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O país foi, este ano, assolado por um violento ataque de fé que levou às escolas públicas a liturgia e as orações. A abertura do Ano Judicial foi, este ano, abrilhantado por um figurante de vestes talares, um cardeal objeto de saudações generalizadas, o que faz temer o regresso do direito canónico ao Código Penal, com punição exemplar para os casos de adultério feminino e homossexualidade, proibição do divórcio e penas severas para os pecados, talvez com a benevolente redução penal para a pedofilia e a violência doméstica.   A Universidade de Coimbra deu o exemplo ao introduzir a missa, pela primeira vez, na cerimónia de posse do reitor. Na próxima posse de um novo reitor será já uma tradição. Nos Hospitais públicos, além dos nomes de santos com que são crismados, pululam nos corredores das enfermarias crucifixos e senhoras de Fátima onde se acoitam bactérias e fungos que a água benta e as orações não erradicam. Em Vieira do Minho, a atividade pascal, da iniciativa dos pais do

O perigo para além das ‘matérias perigosas’…

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A greve dos motoristas transportadores de matérias perigosas vem mais uma vez demonstrar as fragilidades dos equilíbrios sociais já que perante o ‘inconsciente coletivo’ tem a capacidade de 'assustar' o País. E existe outro problema que é 'carga histórica'. Todos nos recordamos da greve de camionistas no Chile, em 1972, com uma 2ª. reprise em 1973, quando este País, era governado por Salvador Allende e como, hoje, é possível enquadrar esta luta nas manobras tendentes a derrubar o regime democrático link .   Um outro exemplo, mais recente, diz respeito ao Brasil e como, também, esta greve - cujo remoto patrocínio não pode ser dissociado dos proprietários das empresas de camionagem – foi o interlúdio para o assalto dos populistas e protofascistas ao Palácio do Planalto em Brasília.   Estamos, portanto, num terreno demasiado movediço. Verdade que estas manifestações de múltiplos grupos profissionais (enfermeiros, professores, militares, etc.) assentam num