«Um coronel não mente» – Parábola para este domingo, 104.º dia do ano no calendário gregoriano
Quando, em 1953, entrei para o 1.º ano no Liceu Nacional da Guarda, tinha transitado para o 7.º o conterrâneo da minha família materna. Durante esse ano era um dos que me defendia do que ora se chama ‘bullying’, de que eram vítimas os bons alunos e os mais frágeis.
Vem daí a duradoura amizade com o condiscípulo, que já conhecia das férias passadas em casa de meus avós maternos, na Miuzela do Coa. A sua precoce formação democrática e honradez juntaram à amizade, que perdura, a grande consideração que lhe devoto. Convivo bem com o seu conservadorismo social e a devoção religiosa que a idade exacerbou.
Omito-lhe o nome, embora merecesse destacar este camarada de curso da Academia do único militar eleito PR na vigência da atual CRP, sendo um dos melhores do seu curso de Infantaria.
Foi o último comandante do Regimento da Guarda Fiscal na zona centro do País. Tinha sob o seu comando os militares da extinta Guarda Fiscal nos portos da sua área, por onde entrava o contrabando.
Um dia, conversando com dois coronéis ‘amigos’, desabafou que não se considerava burro, e não conseguia apreender o contrabando nem capturar os contrabandistas, que adivinhavam as operações. “Desconfio do tenente, protegido do general, e não consigo ver-me livre dele”.
Chamou-o o general que lhe perguntou se confirmava ter dito o que dissera. Confirmou. Um coronel podia ser delator, um deles referiu ao general a conversa a três, mas não mente.
Quando cursava o curso de oficiais-generais, foi lida ali a pena de prisão, de 2 dias, com que o general o punira. Vigorava então a justiça do foro militar, abolida antes do roubo das armas de Tancos. A publicação da pena surgiu, cirúrgica, durante o curso onde foi bem classificado.
Perdeu as estrelas de general. O tenente, afilhado de casamento do general da GF, já capitão, viria a ser condenado, já em tribunal civil, por conivência com a rede de contrabando.
Encontro-me com alguma regularidade com o velho coronel e meu amigo.
“Um coronel não mente”. Nem tira selfies em velórios.
Tenho orgulho no meu amigo Carlos.
Vem daí a duradoura amizade com o condiscípulo, que já conhecia das férias passadas em casa de meus avós maternos, na Miuzela do Coa. A sua precoce formação democrática e honradez juntaram à amizade, que perdura, a grande consideração que lhe devoto. Convivo bem com o seu conservadorismo social e a devoção religiosa que a idade exacerbou.
Omito-lhe o nome, embora merecesse destacar este camarada de curso da Academia do único militar eleito PR na vigência da atual CRP, sendo um dos melhores do seu curso de Infantaria.
Foi o último comandante do Regimento da Guarda Fiscal na zona centro do País. Tinha sob o seu comando os militares da extinta Guarda Fiscal nos portos da sua área, por onde entrava o contrabando.
Um dia, conversando com dois coronéis ‘amigos’, desabafou que não se considerava burro, e não conseguia apreender o contrabando nem capturar os contrabandistas, que adivinhavam as operações. “Desconfio do tenente, protegido do general, e não consigo ver-me livre dele”.
Chamou-o o general que lhe perguntou se confirmava ter dito o que dissera. Confirmou. Um coronel podia ser delator, um deles referiu ao general a conversa a três, mas não mente.
Quando cursava o curso de oficiais-generais, foi lida ali a pena de prisão, de 2 dias, com que o general o punira. Vigorava então a justiça do foro militar, abolida antes do roubo das armas de Tancos. A publicação da pena surgiu, cirúrgica, durante o curso onde foi bem classificado.
Perdeu as estrelas de general. O tenente, afilhado de casamento do general da GF, já capitão, viria a ser condenado, já em tribunal civil, por conivência com a rede de contrabando.
Encontro-me com alguma regularidade com o velho coronel e meu amigo.
“Um coronel não mente”. Nem tira selfies em velórios.
Tenho orgulho no meu amigo Carlos.
Comentários
Uma parábola que devia estar mais datada, por exemplo, AT * ou PT**.
* AT - Antes de Tancos
** PT - Pós Tancos.