Greves e direitos sindicais_2

Quem, antes do 25 de Abril, defendeu o direito à greve e lutou contra a ditadura, não se deixa enganar pelos que aproveitam a democracia para a destruir. É o que distingue os democratas dos oportunistas, defensores dos direitos dos trabalhadores dos apoiantes do terrorismo sindical e zeladores das instituições democráticas das utopias que povoam o aventureirismo de revolucionários da oratória.

As greves são sempre políticas, não vem daí mal ao mundo, mas não podem servir para subverter a ordem constitucional, instrumentalizar trabalhadores para satisfazer o ódio à democracia e abrir caminho ao retrocesso dos direitos que as legitimam.

A atual greve dos camionistas, com um advogado suspeito, alugado para fazer parte da direção sindical e, depois, por vergonha, sem que se conheça a Assembleia Geral onde passou de dirigente do sindicato a advogado e porta-voz, é o exemplo acabado de uma ofensiva reacionária contra o Governo.

Na aparência é uma luta entre trabalhadores e patrões, SIMM e ANTRAM. Na prática, é o aventureirismo de quem reclama condições para o ano 2022 e tem o apoio explícito de André Ventura, essa referência fascista e trauliteira, e o de Paulo Mota Pinto, quadro do PSD, a defender entusiasticamente o sindicato «apartidário».

Perante objetivos ínvios, independentemente das razões justas dos trabalhadores, tenho acompanhado as posições da comunicação social que melhor transmitem as posições de direita. Curiosamente, devo a um leitor meu a melhor síntese dos objetivos partidários da greve reincidente, prevista para 12 de agosto.

Aqui fica transcrito o texto, respeitando a ortografia, duas horas depois de ter censurado a minha posição no Faceboock e defendido o advogado Pardal Henriques e os objetivos partidários:

«E posso vos assegurar de uma coisa que desconhecem.                                                                                                 
Soubesse o PSD e Rui Rio "REINAR" e outro galo cantaria em Outubro.               
Assim como não tenho dúvidas de que era muito fácil "espetar" com este governo no chão só com os motoristas e a sua revolta que - só por hipocrisia, comodismo e cinismo não tem o apoio da maioria dos Portugueses.»

Relembro os sindicatos fascistas e o terrorismo sindical como instrumentos da ascensão da extrema-direita ao poder, no século passado.

A minha única arma é a palavra e usá-la-ei. A democracia defende-se com democratas.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

e-pá! disse…
A pesporrência do advogado Pedro Pardal Henriques, mais concretamente arvorado em intruso sindicalista, ao declarar, ontem, aos meios de comunicação social que " vivemos uma ditadura sob a capa de um país democrático" veio transpor a sua postura aventureirista para o terreno político.
Não é possível continuar a ignorar que o esticar da corda promovido e incentivado pelo 'dirigente' Pardal Henriques contava com a fragilidade de uma eventual resposta dos poderes públicos na senda de "o Estado falhou" (onde e quando já ouvimos isto?). Quis repetir a 'operação surpresa' de alguns meses por uma programada intervenção paralisante do país. Perdido o factor surpresa restou-lhe 'ameaçar' antecipadamente e uma fuga em frente o que provocou a 'resposta musculada' dos poderes constituídos.
Deu desajeitadamente o flanco e daqui para a frente tudo o que fizer só poderá a vir prejudicar os motoristas. Mas essa é outra história.
A 'resposta governamental' - ecleticamente elogiada - não deve ficar isenta de críticas.
Existe o (legítimo) temor que ela se encaixe na vozearia que sub-repticiamente apareceu a contestar os direitos laborais e a sua última arma a greve.
É recorrente a invocação de que a projectada greve dos motoristas prejudica a economia nacional. Este argumento não colhe. Na verdade, uma greve geral tem esses efeitos e julgo que é legítima se respeitar os preceitos legais e não parece aceitável condicionar um protesto colectivo generalizado (como são as greves gerais)com uma catadupa de 'serviços mínimos'.
Hoje, como sempre, o problema é o mesmo. Trata-se de remunerar com justiça e equidade os mecanismos de venda da força de trabalho.
Mas sendo as lutas sindicais um problema antigo e complexo (porque têm em consideração as relações de força) as posturas aventureiras (como a de Pedro Pardal Henriques), também, não são uma novidade e empestam de oportunismos vários a (profícua e gloriosa) luta sindical, através dos tempos.
É aqui que reside o 'perigo democrático' que o advogado (neosindicalista) atabalhoadamente levantou (ao ser confrontado com medias restritivas)

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