O PR e o regular funcionamento das instituições
O actual Presidente da República revela os estados de alma e esconde a agenda política. Partilha a alegria da visita à Capadócia, as dúvidas sobre a cozinha indiana e a angústia pelos prejuízos próprios e da família, na SLN, mas não informa os portugueses se houve violação do seu computador e, em caso afirmativo, quem foi o autor.
Deixou alastrar suspeitas sobre o Governo, desde 18 de Agosto até à denúncia, pelo DN, da intriga do seu assessor Fernando Lima, através do Público, e nada esclareceu com a insólita comunicação ao país, em 29 de Setembro. Não explicou o principal, ameaçou o Governo, e o PS, e recusou sujeitar-se a perguntas dos jornalistas.
Perante a acusação de que a sua Casa Civil entregou a um jornal diário o dossiê de um adjunto do primeiro-ministro, não esclareceu as medidas que tomou perante o delator, o que pensa do facto e se esse procedimento é habitual e/ou tolerável.
Tem suspeitas e não as esclarece. Não é ingénuo, mas, face à denúncia de e-mails entre jornalistas do Público, fica preocupado com a segurança do seu próprio PC. Deixa que um jornal, a pedido do seu assessor, invocando o seu nome, afirme que a PR teme estar a ser vigiada – uma calúnia contra o Governo –, e não desmente, limitando-se a reagir com ameaças depois de ele próprio se deixar enredar em suspeitas.
Há muito que Cavaco Silva vinha dando sinais de conflitualidade com outros órgãos da soberania. O mais grave prendeu-se com o Estatuto dos Açores, um dos raros casos em que tinha absoluta razão e onde, pela forma como se comportou, a perdeu. O desrespeito pela AR, transformou o árbitro do regime num protagonista zangado, ressentido e, aparentemente, vingativo.
É inadmissível, depois da comunicação em que lançou acusações contra alvos errados, sem afastar as suspeitas sobre a sua Casa Civil, que o PR recuse uma conferência de imprensa em que os jornalistas o possam escrutinar.
Não basta mostrar que perdeu condições para um novo mandato. É preciso provar aos portugueses que é capaz de acabar o actual com dignidade.
Quando se acusam, com razão, os agentes políticos de recusarem satisfações, depois de eleitos, é altura de o PR esclarecer o nebuloso comportamento da sua Casa Civil numa manobra que o compromete e que visou objectivamente prejudicar o PS e o Governo. A democracia exige que este pesadelo seja afastado e que os autores sejam julgados pela opinião pública.
As intromissões do PR nos casos PT/TVI, Manuela Moura Guedes, obras públicas, na legítima decisão governamental de não nomear o seu mandatário, João Lobo Antunes, para uma comissão de ética e na lei do divórcio, foram alguns precedentes que indiciam uma incontrolável vocação destabilizadora do regular funcionamento das instituições.
Cavaco chegou a PR sem especiais qualidades para o exercício do cargo mas, se não renunciar, é obrigação dos portugueses ajudarem-no a terminar o mandato com dignidade.
Deixou alastrar suspeitas sobre o Governo, desde 18 de Agosto até à denúncia, pelo DN, da intriga do seu assessor Fernando Lima, através do Público, e nada esclareceu com a insólita comunicação ao país, em 29 de Setembro. Não explicou o principal, ameaçou o Governo, e o PS, e recusou sujeitar-se a perguntas dos jornalistas.
Perante a acusação de que a sua Casa Civil entregou a um jornal diário o dossiê de um adjunto do primeiro-ministro, não esclareceu as medidas que tomou perante o delator, o que pensa do facto e se esse procedimento é habitual e/ou tolerável.
Tem suspeitas e não as esclarece. Não é ingénuo, mas, face à denúncia de e-mails entre jornalistas do Público, fica preocupado com a segurança do seu próprio PC. Deixa que um jornal, a pedido do seu assessor, invocando o seu nome, afirme que a PR teme estar a ser vigiada – uma calúnia contra o Governo –, e não desmente, limitando-se a reagir com ameaças depois de ele próprio se deixar enredar em suspeitas.
Há muito que Cavaco Silva vinha dando sinais de conflitualidade com outros órgãos da soberania. O mais grave prendeu-se com o Estatuto dos Açores, um dos raros casos em que tinha absoluta razão e onde, pela forma como se comportou, a perdeu. O desrespeito pela AR, transformou o árbitro do regime num protagonista zangado, ressentido e, aparentemente, vingativo.
É inadmissível, depois da comunicação em que lançou acusações contra alvos errados, sem afastar as suspeitas sobre a sua Casa Civil, que o PR recuse uma conferência de imprensa em que os jornalistas o possam escrutinar.
Não basta mostrar que perdeu condições para um novo mandato. É preciso provar aos portugueses que é capaz de acabar o actual com dignidade.
Quando se acusam, com razão, os agentes políticos de recusarem satisfações, depois de eleitos, é altura de o PR esclarecer o nebuloso comportamento da sua Casa Civil numa manobra que o compromete e que visou objectivamente prejudicar o PS e o Governo. A democracia exige que este pesadelo seja afastado e que os autores sejam julgados pela opinião pública.
As intromissões do PR nos casos PT/TVI, Manuela Moura Guedes, obras públicas, na legítima decisão governamental de não nomear o seu mandatário, João Lobo Antunes, para uma comissão de ética e na lei do divórcio, foram alguns precedentes que indiciam uma incontrolável vocação destabilizadora do regular funcionamento das instituições.
Cavaco chegou a PR sem especiais qualidades para o exercício do cargo mas, se não renunciar, é obrigação dos portugueses ajudarem-no a terminar o mandato com dignidade.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
eu acho que
se ao PR lhe sobra ainda uma restea de dignidade,
ate o Nixon a teve,
então só lhe resta demitir-se...
abraço