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A FRASE
Por
Carlos Esperança
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A descolonização trágica e a colonização virtuosa
Por
Carlos Esperança
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Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
Só imposições repressivas, como se pode constatar em Países Islâmicos, poderão fazer "retardar" este processo, mas não o impedirão.
Estas vestimentas tradicionais vão acabar por ficar reservadas para cerimónias protocolares, situações especiais, o que não me repugna. São parte integrante da identidade cultural. Hoje, isso existe, em todo o Mundo, incorporado no folclore tradicional.
Aliás, Caro Esperança, dava uma linda crónica historiar o que "está acontecendo", por cá, com a capa mirandesa...o capote alentejano...
Em sociedades abertas os símbolos duram pouco e substituem-se.
Em sociedades teocráticas, onde a violência institucional se perpetua, as coisas não se passam assim.
Persistem os estigmas e, sobretudo, a subordinação da mulher que é propriedade do homem.
Apesar de tudo - e este tudo como sabemos é a imensa diferença- penso que, mesmo nas sociedades teocráticas, onde a submissão é a regra imposta, o "rasgar" do véu tornou-se irreversível.
Por outro lado, também tenho a noção que este caminho, paulativamente trilhado, será recheado de precalços e violências.
É exactamente isso que há muito tempo tento transmitir e que muito poucos aceitam como realidade.
A proibição do véu não deve ser uma medida isolada, embora possa ajudar a exercer a liberdade de não usar o dito (véu).
Esta questão do véu (mais visível) está entrosada num amplo campo de liberdades que atinge, particularmente, o mundo feminino islâmico.
Existirá, a exemplo da nossa cultura, alguma réstea de um "feminismo islâmico"?
Ou, quando pensamos no estatuto familiar da poligamia patriarcal, na violência selectiva (pública e doméstica) contra as mulheres, na incapacidade prática de usar a liberdade de expressão, na imposssibilidade da denúncia da opressão social e familiar, sentimos que haverá alguma coisa em movimento, como sempre sucedeu na marcha das civilizações.
Mas, realmente, se existe onde está?
- no Mundo mais atento ao islamismo?
- ou, no interior do islamismo?
Uma outra questão, paralela a esta permanece, indecifrável e sem resposta:
É o Islão reformável?
Difícil de responder.
Mas a esperança deveria residir aí, independentemente da proibição do uso de véu...(que é, por assim dizer, a ponta do iceberg).