Homem de confiança. Sessenta mil papéis? (2)
Paulo Portas, pelo seu passado no «Independente», não dava garantias para ser ministro e, muito menos, na Defesa. Durão Barroso, que afastou Marcelo acusando-o de querer levar o CDS para o Governo, logo se conluiou com o algoz do cavaquismo. Falta de carácter e de dignidade.
Não é a dúvida quanto à competência de Portas que está em causa, é o problema da sua falta de ética. Aliás, pasma-se como passou incólume nas constantes trapalhadas fiscais em que se envolveu, nos problemas da Universidade Moderna e na falência fraudulenta da Amostra. Portas, na Defesa, era mais do que um fato às riscas com o ministro dentro, era e foi um perigo para a democracia.
Acabou com o SMO (Serviço Militar Obrigatório) quando as condições económicas não permitiam e era útil à coesão nacional; criou expectativas aos antigos combatentes, sem meios financeiros; encomendou dois submarinos (um para subir e outro para descer) na decisão mais desastrosa e cara para o futuro do País; controlou as forças de segurança com generais da sua confiança.
Já não bastava ter colocado Celeste Cardona na Justiça (talvez precisasse) e entregado a PJ a Adelino Salvado para destruir politicamente Ferro Rodrigues, chegou ao ponto de impor Bagão Félix nas Finanças e Telmo Correia e Nobre Guedes a acautelar sobreiros.
Paulo Portas é mais perigoso do que Bagão Félix ou Telmo Correia porque é muito mais inteligente. Já teve como reféns dois primeiros-ministros e, se tivesse tempo, dominaria o país.
Com o passado que se lhe conhece é grande a leviandade com que se encara o desvio de 60.000 documentos do ministério da Defesa (mais de 600.000 páginas). E ninguém investiga a legitimidade do acervo em tais mãos, quais os fins e/ou se esses documentos previnem qualquer investigação de que possa ser alvo!?
Adenda – Leia-se, a este respeito, em «Avenida da Liberdade»:
«Portas – Fotocópia dum homenzinho de Estado», por Carlos Matos Gomes
«Mistérios em fotocópia», por Pedro Pezarat Correia
Adenda 2 - «O ACUSADOR ACUSADO », por Batista-Bastos
Comentários
Não esteja tão convencido de que haverá novos episódios. A comunicação social já esqueceu o assunto.
E 600.000 páginas de documentos do ministério da Defesa são uma arma mais eficaz do que os dois submarinos do nosso subdesenvolvimento.
De resto, a um jornalista que o interrogou, no dia em que se soube, Portas respondeu: «paguei-as [as fotocópias] do meu bolso.
Como se o problema fosse o preço das fotocópias!