Momento de poesia


Matinas e Vésperas

É a hora
em que mergulho
no consumo desenfreado,
que me consome,
entregando-me por inteiro
à adoração do Deus Mercado,
habitando estes novos conventos
erguidos por toda a parte,
com muitas lojas,
oferta diversificada,
espaços amplos, iluminados,
embalagens tentadoras,
serviços completos
à medida do cliente...

São outras as orações,
outras as preces,
os cânticos ecoam nestes templos,
pacificando as consciências
de quem tudo compra por comprar,
mesmo sem necessitar,
e de quem, não comprando,
fica por ali a vaguear,
a passear,
e a olhar ...

Alexandre de Castro - Lisboa, Setembro de 2004

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides