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A FRASE
Por
Carlos Esperança
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A descolonização trágica e a colonização virtuosa
Por
Carlos Esperança
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Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
E “ninguém tem a verdade toda”, por variados motivos:
• as relações de força são diferentes;
• colocamo-nos “acima” do conflito, quando, “na verdade”, fomos os seus precursores;
No caso do último conflito de Gaza a nossa “não-procura da verdade” leva-nos a condenar, simultaneamente, o Hamas e Israel.
O primeiro, pelo lançamento de rockets sobre Israel e, o segundo, pelo uso das suas forças de modo “desproporcionado”.
Esta posição de equilíbrio quase tranquiliza as nossas consciências. E se digo, quase, é porque, centenas ou milhares de mortos e a devastação de um território, não podem conduzir a consciências tranquilas…
Mas a palavra “desproporcionado” encerra outros significados.
Incorporam atitudes exibicionistas de uma incontestável superioridade militar.
São, de facto, demonstrações públicas de relações de força dispares.
Perante isso, os lançamentos de rockets são, em termos militares, flagelações ou, se quisermos ser mais requintados, provocações militares que, em termos de proporcionalidade, representam “cócegas”.
Quando o exército israelita ataca exibe, desde o início, um potencial de fogo aéreo avassalador que mata indiscriminadamente (não há intervenções cirúrgicas), destrói infraestruturas fundamentais à vida económica e social e, por fim, acaba por humilhar o poder instituído, invadindo o terreno, com infantaria e cavalaria (tanques), para iniciar uma caça de casa a casa, homem a homem.
A maior humilhação de um povo é a ocupação territorial.
Enquanto, isso, levantemos a hipotese que os militantes do Hamas, aqueles que lançam os rockets, são os descendentes dos expulsos ou desalojados das suas terras em 1948.
Do outro lado, os israelitas adquirem direitos de possessão por terem nascido “judeus”, pela evocação dos textos bíblicos ou, ainda, pelo exploração do trauma que foi, e continuará a ser, o holocaustro.
No meio de tudo isto é, de facto, difícil, manter-se verdadeiro. Quanto mais reclamar possuir toda a verdade…
Dizia Nietzsche:
Quando por acaso a verdade conseguiu vencer, perguntai a vós próprios com uma forte desconfinaça: “Que poderoso erro se bateu por ela?”
in, Assim Falava Zaratustra.