Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
De qualquer modo, temos de "congratular-nos" - pela negativa - com este acto de desobediência ao Vaticano.
Bento XVI que, pelo menos publicamente não é um negacionista, deveria saber que, a História não retrocede.
A "re-habilitação" dos chamdos "integristas", sucessores de Mons. Lefebvre , não é possível, sem ferir uma "outra Igreja", a pós-conciliar.
É impossível, mesmo para místicos, retoceder centenas de anos.
Ele que comandou, durante 24 anos a Cogregação da Doutrina da Fé, deveria ter aprendido que as chamdas heresias (sejam quais forem) não são domáveis.
Como não aprendeu, passa por mais este opróbrio.
Donde se conclui que, nem sempre, um fidelíssimo perfeito do ex-Santo Ofício (...ofício de mandar para a fogueira) será um bom chefe da Igreja.
A ICAR começa, sob os auspícios de Bento XVI, a desconjuntar-se.
O que não é um acto prematuro. Dura há mais de 2.000 anos...
O bispo não abandona o Papa.
O bispo afronta o Papa, com as mesmas armas com que este afrontou outras derivas doutrinárias, como o do frade franciscano Leonardo Boff, etc.
Bento XVI, perdeu a noção do carácter universal que permitiu à Igreja sobreviver tantos séculos e está confinado a um âmbito eurocêntrico, redutor e limitadíssimo.
Não progride na América do sul onde as seitas surgem como cogumelos depois das chuvas e, no Oriente, não consegue contornar uma cultura milenar, com muitos vectores identitários, que lhe é, temporalmente, anterior.
Mas o grande embate estrá a decorrer com a religião judaica, onde as declarações de Richard Williamson que, Bento XVI, não conseguiu abafar, estão a incendiar o diálogo inter-religioso.
A cometer erros deste quilate, por quanto tempo perdurará o seu magistério?
É que a ICAR apesar da sua aparente bonomia é impiedosa em resguardar-se das previsíveis hecatombes...