Antes das 11 horas da manhã, uma numerosa comitiva de polícias, militares da GNR, e alguns outros do Exército, tomaram posições em frente à Igreja de Santa Cruz. Bem ataviados esperavam a hora de deixarem a posição de pé e mergulharem de joelhos no interior do templo do mosteiro beneditino cuja reconstrução e redecoração por D. Manuel lhe deu uma incomparável beleza. Não era a beleza arquitetónica que os movia, era a organização preparada de um golpe de fé definido pelo calendário litúrgico da Igreja católica e decidido pelas hierarquias policiais e castrenses. Não foi uma homenagem a Marte que já foi o deus da guerra, foi um ato pio ao deus católico que também aprecia a exibição de uniformes e a devoção policial. No salazarismo, durante a guerra colonial, quando as pátrias dos outros eram também nossas, não havia batalhão que não levasse padre. Podia lá morrer-se sem um último sacramento!? Éramos o país onde os alimentos podiam chegar estragados, mas a alma teria de seguir lim...
Comentários
De qualquer modo, temos de "congratular-nos" - pela negativa - com este acto de desobediência ao Vaticano.
Bento XVI que, pelo menos publicamente não é um negacionista, deveria saber que, a História não retrocede.
A "re-habilitação" dos chamdos "integristas", sucessores de Mons. Lefebvre , não é possível, sem ferir uma "outra Igreja", a pós-conciliar.
É impossível, mesmo para místicos, retoceder centenas de anos.
Ele que comandou, durante 24 anos a Cogregação da Doutrina da Fé, deveria ter aprendido que as chamdas heresias (sejam quais forem) não são domáveis.
Como não aprendeu, passa por mais este opróbrio.
Donde se conclui que, nem sempre, um fidelíssimo perfeito do ex-Santo Ofício (...ofício de mandar para a fogueira) será um bom chefe da Igreja.
A ICAR começa, sob os auspícios de Bento XVI, a desconjuntar-se.
O que não é um acto prematuro. Dura há mais de 2.000 anos...
O bispo não abandona o Papa.
O bispo afronta o Papa, com as mesmas armas com que este afrontou outras derivas doutrinárias, como o do frade franciscano Leonardo Boff, etc.
Bento XVI, perdeu a noção do carácter universal que permitiu à Igreja sobreviver tantos séculos e está confinado a um âmbito eurocêntrico, redutor e limitadíssimo.
Não progride na América do sul onde as seitas surgem como cogumelos depois das chuvas e, no Oriente, não consegue contornar uma cultura milenar, com muitos vectores identitários, que lhe é, temporalmente, anterior.
Mas o grande embate estrá a decorrer com a religião judaica, onde as declarações de Richard Williamson que, Bento XVI, não conseguiu abafar, estão a incendiar o diálogo inter-religioso.
A cometer erros deste quilate, por quanto tempo perdurará o seu magistério?
É que a ICAR apesar da sua aparente bonomia é impiedosa em resguardar-se das previsíveis hecatombes...