Salazar – o biltre revisitado
Os leitores hão-de compreender que um sexagenário não pudesse, por razões de saúde, aguentar a Vida Privada de Salazar, apresentada pela SIC. Não mo permitiu a tensão e o pudor mas, do que vi, tratava-se de homem de paixões à espera do tálamo e do coito e, do que sei, o tálamo foi o País e do coito sem mulher todos fomos vítimas.
O macho ibérico com cio foi a caricatura do biltre misógino.
Ainda vi o ar dengoso do antigo seminarista a salivar desejos. Resisti à viagem fatal aos recônditos femininos, às transfusões de saliva e à pressa de percorrer os corpos.
Salazar foi certamente o Presidente do Conselho enviado pela Providência – segundo a Irmã Lúcia disse ao Cardeal Cerejeira –, sem se perceber o que terão feito os portugueses para merecerem tamanho castigo. Não, não era ele que controlava a PIDE, apenas era partidário de uns safanões dados a tempo, por prevenção e pedagogia.
Enquanto em Timor, Angola e Cabo Verde torturavam os adversários é de crer que o mariola estivesse a ferver de desejos em S. Bento; quando na rua dos Lusíadas foi assassinado o escultor Dias Coelho o ditador estaria a tomar banho depois da cópula; se o Rosa Casaco tinha ido à caça do general Humberto Delgado, como se de um coelho se tratasse, ele fazia o que os coelhos também sabem, no lupanar de S. Bento.
Enquanto a guerra colonial consumia jovens e devolvia estropiados o ditador tinha as botas à entrada do quarto e fazia amor. Não faria amor, que é um acto a exigir sentimento e humanidade, ninguém dá o que não tem, apenas podia servir-se e aliviar.
A guerra em que andei não existiu, são coisas de velho, rancores inexplicáveis, uma falsa memória de quem inventou palavras, Tarrafal, S. Nicolau, Aljube, Caxias e Peniche. Não houve queimadelas de cigarros, estátua, torturas, pancada, tudo criações de comunistas e afins, degredo, fome, prisões e tribunais plenários. Não. Enquanto os inimigos da Pátria, a soldo de Moscovo perpetravam crimes infames, vis e cavilosos, o ditador saltitou de fenda em fenda até sucumbir numa fenda enorme – uma banheira – a metáfora oportuna para o cio que o corroeu.
E, assim, se vão criando condições para a amnésia colectiva.
Comentários
Trata-se, ao fim e ao cabo, de saciar o revivalismo político que ainda empesta a memória de alguns portugueses e protuguesas e é uma novidade histórica para a geração pós-25 de Abril.
Neste momento tenta-se dar vida e côr a um "cinzentão".
Por exemplo, afoguear-lhe as faces no frenético truca-truca do natural fornicar, seja com a D. Maria, seja com a nobreza decadente, em consolidado regime republicano, ou com a prole que se segue...é rehabilitar o seráfico narcisista com um homem verdadeiro.
E para dar um toque de finesse, emaranha-se no enredo uma jornalista francesa para os bouleversantes et sensuelles affaires.
Um homem que assentava a sua trilogia na Família, jamais foi capaz de a construir e que fez passar a mensagem de estar casado com a Pátria, metido em desenfreadas cavalgadas, mais parecendo um D. Juan do que um ex-seminarista abúlico, frustrado e tímido.
O autor da série televisiva talvez tivesse outros intuitos ao entrar no campo sentinental e humano de Salazar, dado o secretismo (calculado) que envolveu a sua vida.
Não o conseguiu. Continou, estou convencido que inconscientemente, o processo de branqueamento desta sinistra personagem. Não merece laudo especial por esta tarefa.
Qualquer dia assistimos a uma novela (de ficção, julgo eu) com o Cardeal Cerejeira a ir às meninas...
Continuamos a reciclar o:
- revivalismo fascista.
Basta!
Olha-se para ela e sente-se um constrangimento de pudor, se não mesmo de vergonha.
Ocasionalmente lá surge uma nota qualquer que foge à norma.
Mas também isso é para iludir, é só para fingir que sim.
Na televisão há patrões, há serventuários, há audiências, há muitas ilusões.
E há um botão que, estando desligado, põe ordem na canzoada.
Ah, vejam as páginas destes salazaristas.
http://www.oliveirasalazar.org/
http://www.youtube.com/watch?v=CDBtgA-81D4
http://www.blogger.com/profile/03866670400149262170
Zeca Portuga
Quem sou eu
Nome: Zeca Portuga
Idade: De ter juízo
Estado Civil: Desiludido com o meu país
Residência:Em casa própria, mas paga uma renda chamada IMI
Profissão: Faz-de-conta coagido
Habilitações: Palerma “horroris-causa”
Principais defeitos: Acreditar, ser sério
Principal virtude: Não posso mudar o mundo, senão…
Área de interesse: Detesto políticos, “desportistas profissionais”, americanos, paneleiros e afins
Notas biográficas: Nasci no tempo de Salazar, quando ainda existia um país chamado Portugal. Aprendi muitas coisas numa instituição chamada Escola que naquele tempo existia.
Ideologicamente...: Sou monárquico, conservador, de direita, não partidarista...
anti-republicano, anti-maçónico, anti-laicista... e outras máfias!
Vivi uma revolução e prometeram-me: justiça, respeito, igualdade, liberdade, democracia, bem-estar… era tudo mentira.
Paradoxo: Sou católico, apostólico, romano mas gosto muito de muçulmanos e orientais.
Atenção:
Neste Blog quem dita as regras sou eu!
Sinais de decadência de SIC(s) e outras com a crise no mercado da publicidade.
Imagine-se a biografia da irmã Lúcia todo esse tempo na sua cela de Coimbra, o que a SIC não mostraria para dar cor à santa!
A religiosa de Diderot seria uma historieta de adormecer crianças, por certo.