O bispo abandonou o Papa (2)

Por

E - Pá

Temos de "congratular-nos" - pela negativa - com este acto de desobediência ao Vaticano.
Bento XVI que, pelo menos publicamente não é um negacionista, deveria saber que, a História não retrocede.

A "re-habilitação" dos chamados "integristas", sucessores de Mons. Lefebvre , não é possível, sem ferir uma "outra Igreja", a pós-conciliar.
É impossível, mesmo para místicos, retroceder centenas de anos.

Ele que comandou, durante 24 anos a Congregação da Doutrina da Fé, deveria ter aprendido que as chamadas heresias (sejam quais forem) não são domáveis.
Como não aprendeu, passa por mais este opróbrio.

Donde se conclui que, nem sempre, um fidelíssimo prefeito do ex-Santo Ofício (...ofício de mandar para a fogueira) será um bom chefe da Igreja.
A ICAR começa, sob os auspícios de Bento XVI, a desconjuntar-se.
O que não é um acto prematuro. Dura há mais de 2.000 anos...

O bispo não abandona o Papa.
O bispo afronta o Papa, com as mesmas armas com que este afrontou outras derivas doutrinárias, como o do frade franciscano Leonardo Boff, etc.

Bento XVI, perdeu a noção do carácter universal que permitiu à Igreja sobreviver tantos séculos e está confinado a um âmbito eurocêntrico, redutor e limitadíssimo.
Não progride na América do sul onde as seitas surgem como cogumelos depois das chuvas e, no Oriente, não consegue contornar uma cultura milenar, com muitos vectores identitários, que lhe é, temporalmente, anterior.
Mas o grande embate estará a decorrer com a religião judaica, onde as declarações de Richard Williamson que, Bento XVI, não conseguiu abafar, estão a incendiar o diálogo inter-religioso.

A cometer erros deste quilate, por quanto tempo perdurará o seu magistério?

É que a ICAR apesar da sua aparente bonomia é impiedosa em resguardar-se das previsíveis hecatombes...

Comentários

O grande "Epá" no seu melhor. Acha que 2000 anos é muito tempo. Olhe que não, Dr João Duarte, olhe que não. O tempo e o fogo são muito mais antigos.
e-pá! disse…
Caríssimo "cavalinho da chuva":

Como o Professor sabe, o tempo passou do relativismo de Einstein para negação da sua existência.
Passou a ser um símbolo social e não pode ser encarado como um dado objetivo, como queria Newton, ou um conceito inato ao ser humano, como defendia Kant.
O tempo/simbolo dura enquanto durar o simbolismo que enfeita a nossa existência...
O tempo passou de uma realidade que nos condicionava a vida para uma questão fifosófica. Veja lá!

Quanto ao fogo, ele pode - como Camões profetizava em poema - arder sem se ver, mas a ICAR, sempre lhe descubriu outras utilidades - a mais famosa destas serão os autos de fé (coisa que -não se vê, também)e, ainda hoje, o adora na sua liturgia:
o badalar dos sinos e o estourar dos foguetes...

Poderá, neste momento, não ter o desejo de lançar foguetes... mas, em contrapartida, pode estar tentada a tocar a rebate...

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides