Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
Será que o Presidente Václav Klaus vai promulgar ou vetar o Tratado votado?
Veremos o que fará V. Klaus no Castelo de Praga...
A Imprensa de hoje dá especial relevo à rejeição, bilateral, de um pacto de regime entre o PS e o PSD, tendo como objectivo enfrentar a crise.
Nada se perde com esse facto.
Na verdade, não se entende a importância desse eventual pacto de regime.
Não vivemos uma crise doméstica.
Vamos ter de enfrentar um problema global, mundializado.
Precisamos de armas (financeiras, económicas, monetárias, de investimento, de estímulo, etc.) que excedem, em larga medida, a capacidade de intervenção de uma só país.
Pactos internos são ineficiêntes para a tremenda dimensão da actual crise.
Só se fala em Pacto de regimme por a Direita não encontrou uma postura patriótica perante a crise e lamenta-se virada para Belém.
É, em situações desta gravidade que mais se torna relevante a existência de uma União Europeia.
O Tratado de Lisboa é um instrumento (continuo a achá-lo pouco inteligível para o vulgar cidadão) que permitirá o regular funcionamento desta alargada comunidade de 27 Nações.
A haver pactos (e, em minha opinião, terão de ser construídos) estes deviam ser concertados, abrangentes e envolver a totalidade da UE.
Um conjunto de 27 Países a actuar concertadamente tem um peso (económico e finaceiro) considerável e capacidade para inverter situações.
É este gesto de concertação que os cidadãos europeu esperam que os 27 adoptem, para encurtar e pôr cobro à actual crise, que para além da delapidação económica dos Países, tem aberto (e vai continuar a abrir) profundas chagas sociais.
É uma expectiva legítima, de marcadas consequências, urgente (mas com um horizonte a longo prazo).
Não devolveriamos, para o futuro, a condução dos destino económico e financeiro do Mundo aos EUA. Por mais que simpatize com Barack Obama. Obama está na Casa Branca e o poder financeiro em Wall Street.
Wall Street falou financeiramente, porque o seu deus "mercado", sucumbiu a interesses de grupos e, politicamente, foi dominada por concepções neoliberais e neoconservadoras.
Foi o desatre que todos estamos a viver.
Esta crise é fracturante para o Mundo e deverá ter consequências, a diversos níveis.
A primeira deverá ser política. Isto é, a actual situação deve ser imputada às doutrinas politico-económicas neoliberaise, portanto, deve fechar-se este ciclo.
O que virá a seguir, o que ocupará esse espaço neoliberal, é um assunto a discutir desde já mas, com certeza, de modo pausado e racional, quando a crise estiver debelada e os "espiritos" mais calmos.
Continuam a realizar-se eleições e a existir democracias em pleno funcionamento. A primeira resposta (democrática) vai, com certeza, ser nas urnas ...
A segunda, económica e financeira. O Mundo deverá abandonar a sua "concentração" unippolar, gravitando à volta de uma única gigantesca potência.
O que inevitavelmente tem de surgir é um novo Mundo, multipolar e diversificado (América do Norte [EUA e Canadá], UE, Russia, India, China e a "emergente" América Latina).
A próxima reunião europeia para debater a crise, a efectuar no final deste mês, é de uma importancia crucial para o nosso futuro.
Os Programas de Estabilidade (já não falo de Crescimento), especialmente o português, o espanhol, o italiano, o irlandês e dos novos membros de Leste, etc) deverão ser revistos, analisados, actualizados e, finalmente, apoiados.
Esta crucial reunião de Bruxelas deve debruçar-se sobre a Economia mundial e a partir daí ter ums visão concreta e realista da situação da Economia europeia.
Feito o diagnóstico é urgente concertar medidas econimico-financeiras, promover entreajudas para estimular a Economia, colocar em acção, no terreno, políticas sociais de excepção, tudo baseado numa ideia:
encontrar uma saída solidária, onde caibam todos!
Neste momento, faz sentido a frase de um dos grandes construtores da UE:
“A Europa é uma força que nos incita constantemente à reflexão e acção”.
Jacques Delors
O presidente checo, Václav Klaus, atacou directamente a Europa no Parlamento em Estrasburgo.
Começou por assinalar o "déficit democrático", causado pelo enorme ditanciamento entre os cidadãos e os representantes europeus, acrescentando que tal situação agravar-se-ia coma Constituição Europeia entretanto rejeitada ou com o "Tratado de Lisboa", que o parlamentro do seu País, acabou de aprovar... e continuou a sua lenga-lenga.
Esta prelecção carnavalesca vem só corroborar os receios que manifestei no 1º. comentário a este post.