Factos & documentos


Em 24 de Fevereiro de 1971 a Irmã Lúcia, reclusa das Carmelitas Descalças em Coimbra, escrevia ao Presidente do Conselho, Dr. Marcelo Caetano, implorando medidas legislativas sobre as vestes femininas:

não seja permitido vestir igual aos homens, nem vestidos transparentes, nem curtos acima do joelho, nem decotes a baixo mais de três centímetros da clavícula. A transgressão dessas leis deve ser punida com multas, tanto para as nacionais como para as estrangeiras.

(In Arquivos Marcelo Caetano, citados em Os Espanhóis e Portugal de J.F. Antunes  Ed. Oficina do Livro)

Comentários

e-pá! disse…
As estipulações de Lúcia são substancialmente diferentes das presentes recomendações da Ministra Assunção Cristas...

Há subjacente uma questão de género que faz toda a diferença e se reflecte na indumentária.

Para a carmelita - que ao que consta não andava descalça - a preocupação vai para as mulheres (nacionais e estrangeiras). A mulher era para a dita senhora a provocação, dentro das boas concepções criaccionistas. Devia cobrir-se antes que fosse coberta...

Para Cristas o nó (górdio?) é a gravata. Sendo a gravata um adorno do tempo de Luis XIV - usado pelos mercenários croatas - a simbologia é evidente. Nada deve continuar como nesse tempo em que "L'État c'est moi" já que "L'Etat est à disparaître"... sem exéquias funebres, logo, sem necessidade gravata. À boa maneira (neo)liberal.

E assim vai o Mundo.
E-Pá:

«Devia cobrir-se antes que fosse coberta».

Boa !!!!!

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