Uma “colossal” bacoquice…

O novo Governo encontrou um «desvio colossal» em relação às metas estabelecidas» para as contas públicas. A afirmação do primeiro-ministro surgiu esta terça-feira à noite, no Conselho Nacional do PSD… link

O Colosso de Rodes foi uma das maravilhas da Antiguidade. Erguida à entrada do porto da ilha para celebrar a vitória dos gregos sobre os macedónios, acabaria por ruir sob os efeitos de um terramoto e as suas ruínas pilhadas pelos árabes. Esta é a sucinta mitologia das obras colossais…

Passos Coelho parece deslumbrado pelas coisas e obras “colossais”. Ontem, anunciou um “desvio colossal” das contas públicas. Ainda não assentou a poeira dos estragos da Moody’s já o neófito dirigente tropeça noutro problema que não deixa de classificar como “colossal”.

O XIX Governo Constitucional tinha todo o direito de mandar fazer auditorias idóneas às contas públicas e desses resultados informar os cidadãos. Já agora, matava dois coelhos com a mesma cajadada e, nessa “onda”, aproveitava o ensejo para apurar os montantes da divida odiosa e ilegítima. Assim, ficaríamos todos bem informados sobre eventuais e “colossais” desvios…
Agora, o que não pode fazer é passar a vida a tirar coelhos da cartola. Primeiro aceitar como bons os resultados apurados pela “troika”, assinar um memorando sustentado nesses dados, comprometer-se a impor as soluções desenhadas aos portugueses e, passado pouco mais do que um mês, lançar para o ar uma suspeição (uma atoarda) desta natureza, continuando a assobiar para o lado. É uma atitude indigna e pouco patriótica (para utilizarmos a linguagem da Direita).

Aliás, para quem tem tanto empenho em distanciar-se da Grécia, esta “boutade” coloca-nos, perante o estrangeiro (os tais mercados), na boca do lobo. Foi exactamente isso que fez a Grécia, com a ajuda de alguns bancos de investimentos americanos (Goldman Sachs, p. exº.), em relação ao Eurostat… iludindo o valor da dívida externa e do defice orçamental link
Bem a “colossal” calinada de ontem terá, necessariamente, consequências. Poderá ser o anúncio de um terramoto como sucedeu na Antiguidade em Rodes que acabou por derrubar o “Colosso”.

Não há maneira de termos um Governo que seja capaz de separar as águas entre questões partidárias e assuntos governativos, nacionais. E, isto sucede, não por inexperiência (que é um facto)ou por ignorância (uma evidência), mas cresce ao sabor de pequenas estratégias ocultas, iguaizinhas àquelas que, ao longo de séculos, prejudicaram o País e os portugueses.
“Colossais” vícios… Há uns tempos o "colosso" foi baptizado de "monstro". Não foi?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides