A Aula Magna, Mário Soares e a comunicação social

A reunião da Aula Magna foi, pela quantidade, qualidade e diversidade de pessoas que congregou, o principal acontecimento da contestação intelectual ao Governo que o PR insiste em manter.

Não bastou a demissão irrevogável do ambicioso e inconstante ministro Paulo Portas e a sua ausência e a de todo o elenco dos seus vassalos, para Cavaco, num ato pífio, investir a ministra das Finanças num Governo que, nesse momento, já não existia.

O Governo que, ao contrário de Roma, pagou a Paulo Portas com a vice-presidência e a liderança das pastas económicas; que viola a Constituição por índole e desafia os juízes do Tribunal Constitucional por hábito; que é mau por inépcia e péssimo por ideologia, é apoiado pelo PR por razões que a razão desconhece.

Na Aula Magna ouviram-se vozes respeitáveis e respeitadas donde saíram ruídos que as vuvuzelas do Governo puseram a vibrar para abafar as verdades e evidências pungentes ali postas a nu.

Não foi uma reunião de apelos à violência, foi a fusão de sensibilidades que contestaram a violência ideológica com que este Governo surpreendeu os eleitores que o elegeram.

Mário Soares, a quem a idade não matou a coragem e o gosto pela intervenção política, no convite alargado a pessoas de vários quadrantes, e na defesa da CRP e da legalidade, acabou por preencher o vazio na contestação que alguns gostariam que se esgotasse na AR. Fê-lo com serenidade e não com a atitude incendiária com que quiseram diminuí-lo e esconder o magnífico discurso de Pacheco Pereira, perante cerca de 2400 patriotas.

Na terça-feira, na sua página semanal, no DN, Mário Soares escreveu:
(…)
6.º § – «Repare-se que ao contrário de outras vezes, eu não iniciei a abertura da sessão de improviso e sem papel, como é habitual. Desta vez, li um texto escrito. Que está ao dispor de quem o quiser ler. Porquê? Porque sabia que ao falar de violência os comentadores ao serviço do poder iam necessariamente especular. Como fez o sempre infeliz vice-primeiro-ministro Paulo Portas, que muda de ideias como de camisas e que todos sabemos o que tem feito e refeito. Um artista...».

Aqui fica o discurso de Mário Soares.

Ponte Europa / Sorumbático



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