Eanes e a ausência da homenagem que lhe destinam
Ramalho Eanes é um homem sério e um democrata, o que, nos tempos que correm, já é suficiente. Mais do que isso, pautou o seu comportamento por critérios de isenção que o tornam credor do respeito e admiração dos portugueses. É um homem de carácter e um patriota.
Era genro de Neto Portugal, diretor da Fiscalização e Investigação da Inspeção-Geral das Atividades Económicas, onde sucedeu ao major Silva Pais que, por sua vez, tinha sucedido ao capitão Agostinho Lourenço, que transitaram para diretores-gerais da Pide, mas não vacilou em subscrever o manifesto contra o Congresso dos Combatentes do Ultramar, uma iniciativa fascista onde um mutilado de guerra, major Pamplona, e a fina flor da ditadura arriscaram a derradeira propaganda à guerra colonial.
Eanes honrou-se ao lado de Carlos Fabião, Firmino Miguel e Dias Lima, denunciando a manobra fascista e combatendo-a, a partir da Guiné. Era, pois, um democrata, antes do 25 de Abril.
É ocioso referir a influência que a exaltação política exerceu no seio dos militares que fizeram o 25 de Abril. Aconteceu que, sob o comando direto do Governador Militar de Lisboa, Vasco Lourenço, em sintonia com Costa Gomes, foi o chefe operacional do 25 de novembro.
Vitorioso, o Conselho da Revolução, sob influência de Vasco Lourenço, promoveu-o a general. Vasco Lourenço não tinha idade para ser candidato a PR e, naturalmente, Eanes foi o escolhido. A eleição foi um tributo aos militares de Abril.
Foi como militar de Abril, apoiado pela esquerda, que, no segundo mandato, defrontou o general Soares Carneiro, antigo comandante do campo de S. Nicolau, em Angola, o pouco recomendável candidato da direita. Venceu, apesar da grotesca encenação das exéquias fúnebres de Sá Carneiro.
Foi um excelente presidente num período em que eram grandes os seus poderes, enorme a responsabilidade e decisiva a sua atuação. Eanes cumpriu. Esqueçamos a ambição que o levou a emprestar o nome ao PRD.
A homenagem que lhe é prestada é justa. Aqui deixo o meu modesto tributo ao cidadão íntegro, ao honrado militar e ao digno Presidente da República.
A única coisa lamentável não se deve ao homenageado, que não comparecerá, deve-se aos promotores, que foram infelizes na data escolhida. Enquanto a História registará o militar de Abril, os homenageantes dividiram o campo democrático escolhendo a data que avivou feridas por cicatrizar.
Alguns democratas de sempre deviam ter previsto que a justa homenagem se presta a equívocos que não os honram e que Eanes não merecia.
Era genro de Neto Portugal, diretor da Fiscalização e Investigação da Inspeção-Geral das Atividades Económicas, onde sucedeu ao major Silva Pais que, por sua vez, tinha sucedido ao capitão Agostinho Lourenço, que transitaram para diretores-gerais da Pide, mas não vacilou em subscrever o manifesto contra o Congresso dos Combatentes do Ultramar, uma iniciativa fascista onde um mutilado de guerra, major Pamplona, e a fina flor da ditadura arriscaram a derradeira propaganda à guerra colonial.
Eanes honrou-se ao lado de Carlos Fabião, Firmino Miguel e Dias Lima, denunciando a manobra fascista e combatendo-a, a partir da Guiné. Era, pois, um democrata, antes do 25 de Abril.
É ocioso referir a influência que a exaltação política exerceu no seio dos militares que fizeram o 25 de Abril. Aconteceu que, sob o comando direto do Governador Militar de Lisboa, Vasco Lourenço, em sintonia com Costa Gomes, foi o chefe operacional do 25 de novembro.
Vitorioso, o Conselho da Revolução, sob influência de Vasco Lourenço, promoveu-o a general. Vasco Lourenço não tinha idade para ser candidato a PR e, naturalmente, Eanes foi o escolhido. A eleição foi um tributo aos militares de Abril.
Foi como militar de Abril, apoiado pela esquerda, que, no segundo mandato, defrontou o general Soares Carneiro, antigo comandante do campo de S. Nicolau, em Angola, o pouco recomendável candidato da direita. Venceu, apesar da grotesca encenação das exéquias fúnebres de Sá Carneiro.
Foi um excelente presidente num período em que eram grandes os seus poderes, enorme a responsabilidade e decisiva a sua atuação. Eanes cumpriu. Esqueçamos a ambição que o levou a emprestar o nome ao PRD.
A homenagem que lhe é prestada é justa. Aqui deixo o meu modesto tributo ao cidadão íntegro, ao honrado militar e ao digno Presidente da República.
A única coisa lamentável não se deve ao homenageado, que não comparecerá, deve-se aos promotores, que foram infelizes na data escolhida. Enquanto a História registará o militar de Abril, os homenageantes dividiram o campo democrático escolhendo a data que avivou feridas por cicatrizar.
Alguns democratas de sempre deviam ter previsto que a justa homenagem se presta a equívocos que não os honram e que Eanes não merecia.
Comentários
Não havia nexexidade nenhuma, porra, nenhuma, nenhuma, nenhuma!
Com o distanciamento histórico já existente será justo valorizar o seu papel no equilíbrio das forças político-militares no período de desenvolvimento do dito PREC. Tarefa para o qual o austero e rigoroso perfil militar de Ramalho Eanes se encaixa perfeitamente e lhe confere mais-valias. Esteve no lugar certo, no tempo certo.
A homenagem é também adequada por este personagem conseguiu destacar-se pela honestidade, frugalidade e exigência que atravessou o tempo que exerceu o alto cargo de PR.
Existe um pequeno pormenor que diz tudo perante o actual lodaçal da política nacional. Tendo-lhe sido proposta a aquisição de acções da SLN/BPN, recusou.
Todavia, na vida de um homem nem tudo é perfeito. Eanes caiu na tentação de, desastrosamente e de modo pouco límpido, continuar a intervir na política, após o fim 2º mandato presisencial, o que marcou o seu futuro na vida pública.
Finalmente, a grande inconformidade será a data escolhida pelos organizadores desta homenagem. Ao tentar focalizar a atenção sobre o 25 de Novembro os promotores acabam por desvalorizar a trajectória de vida pública do homenageado. É, nitidamente, uma data redutora.
Andamos apenas a discutir o sexo dos anjos enquanto o mundo avança.
Temos mesmo «asinhas», ao perder tempo com homenagens que nem o homenageado entende, e as númias reunidas à volta Soares.
Tristeza!