Em 20 de janeiro de 1981, Ronald Reagan, ao tomar posse como presidente dos EUA, afirmou que “a solução dos nossos problemas não está no Governo, o Governo é o problema”. O ex-ator secundário de Hollywood juntava-se nesse dia à sua alma gémea inglesa, Margaret Thatcher, eleita sete meses antes, e ao papa João Paulo II que, desde outubro de 1978, dirigia o Vaticano e seria um dos seus indefetíveis sequazes. A contrarrevolução, conservadora nos costumes e ultraliberal na economia, falhou nos costumes, mas desregulou a economia, precarizou o trabalho e deixou o destino social, económico e político dos povos ao setor financeiro, num frenético avanço do poder do capital sobre o trabalho, à escala global. A via democrática, quando falhou, foi trocada por ditaduras sangrentas que impuseram os objetivos ultraliberais. Hoje, mais de oito anos depois da falência do banco Lehman Brothers e da tragédia que adveio da desregulação dos mercados, não se repensou o capitalismo nem a manutenção