A democracia e a liberdade


A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas. (Winston Churchill)

Defendi sempre a democracia, e continuarei a defendê-la, por mais ditadores e imbecis que eleja. Hitler e Mussolini também foram eleitos democraticamente, e nunca vi mais entusiasmo do que o que levou Khomeini ao poder, no Irão.

Nem assim me deixo abalar nas minhas convicções. Cavaco Silva foi eleito com quatro maiorias absolutas e não desanimei. Em países árabes, os mais reles assassinos chegam ao poder pela vontade de Alá, com o voto dos crentes. Até os turcos, depois de décadas de laicismo, embrutecidos nas madraças e mesquitas, fazem de um Irmão Muçulmano o presidente da República democraticamente eleito.

Há, quem se reclame democrata, e, em nome de um sistema que não tem melhor rival, pense que a legitimidade do voto permite perseguir os adversários, desrespeitar as leis ou impor medidas que contrariem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. São democratas acéfalos, incapazes de condenar a xenofobia, o populismo, a homofobia, o racismo e a misoginia. Não pensam que a democracia exige respeito pelos adversários e o direito de discordarem.

São democratas destes últimos que sustentam a deriva autoritária que percorre o mundo e ameaça levar fascistas ao poder, como acontece nas teocracias islâmicas e nos países europeus onde os protofascistas se instalaram. A extrema-direita já pontifica na Polónia, Hungria e Eslováquia e avança na Áustria, Suécia, Finlândia e França.
Há um ambiente com semelhanças perturbadoras ao que precedeu a guerra de 1939/45.

Na América sucedeu o impensável. E da única forma que aceito.

Comentários

e-pá! disse…
Não é mais possível ignorar ou escamotear que a democracia vive uma profunda crise. E as causas não devem ser exclusivamente procuradas nos erros intrínsecos do sistema (democrático). Na verdade, existem alterações sociais, políticas e económicas decorrentes da globalização e desta nova era (tecnológica) que influenciam o escrutínio popular e distorcem resultados.

Estamos longe da primitiva democracia ateniense que instituiu uma assembleia de governo (Eclésia) que confrontava e controlava o 'poderio aristocrático' (dominante).
Ao longo dos tempos os mecanismos de poder foram mudando de mãos e, hoje, o poder concentrado em grandes grupos económicos e financeiros saiu da urbe, dos países, adquirindo um dimensão global, não tem 'pátria', e foge a qualquer tipo de controlo e regulação local, regional ou nacional, como está definido desde a Idade Clássica

Existe, portanto, a sensação de que eleições nacionais se transformaram em cerimoniais paroquiais esvaziadas de qualquer poder.
Até, aqui acreditávamos que os EUA eram suficientemente grandes e poderosos para mandar na sua própria casa.
Desde há 2 dias que se deve começar a questionar tudo o que tem vindo a acontecer se quisermos continuar a defender um regime representativo de cidadãos com direitos e deveres iguais e não esquemas de sobrevivência de um cada vez mais largo conjunto se assalariado precários e explorados que a vida (que lhe foi sendo imposta) lhe reduziu drasticamente o leque de escolha e foi capaz de substituir o exercício da liberdade pela canga do medo.
Os cidadãos começam a ser substituídos por um outro conceito o de colaborador (sem enquadramento humano visível) e 'descartáveis' a qualquer momento. Trata-se do 'sistema 'Kleenex'.
A democracia sofre porque estamos a perder o estatuto de cidadania. Tão simples como isto.

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