MÉDIO ORIENTE: Raqqa na berlinda…
A luta pela conquista de Raqqa – ‘capital histórica’ do Daesh - começou no meio de uma balbúrdia infindável que fustiga o Médio Oriente link.
Hoje, para além do que se passa em Mossul e Aleppo, as atenções e manobras político-militares – protagonizadas por Assad, EUA e Rússia – foi aberta uma nova frente - Raqqa.
Raqqa é uma peça simbólica na complexa evolução de uma ampla confrontação bélica que incorpora no seu seio uma guerra civil síria e várias organizações fundamentalistas (islâmicas) que envolvem toda a região.
Aparentemente, o primeiro contingente de forças que entrar em Raqqa vai tentar abotoar-se com o estatuto de ‘vencedor do califado’. As chamadas ‘Forças Democráticas Sírias’ (FDS) são um dos múltiplos braços armados dos EUA na região e contêm no seu seio múltiplas incongruências ou, se quisermos, insanáveis incompatibilidades.
Na verdade, esta nova formação multiétnica, integrando maioritariamente curdos, vai a breve trecho criar novas tensões na região nomeadamente com a Turquia. Mas a estratégia americana para a tomada de Raqqa mostra ainda uma outra coisa: Em vez se ser o fim da guerra civil síria poderá incentivar a sua prossecução.
Não pode ser desprezado o facto de a FDS falar em federalismo, quer na Síria, quer no Iraque. A fragmentação da Síria em estados federados (uma solução que poderá ser imposta para os problemas sírios e iraquianos) não poderá ser obtida deixando Damasco de fora, como idêntica solução no Iraque terá sempre que passar por Bagdad e ambas necessitam do beneplácito de Moscovo.
Ora, à primeira vista, os acordos entre EUA e FDS ignoram estas duas realidades locais link. Um eventual ‘vencedor de Raqqa’ (ainda por definir) ganhará estatuto (libertador) regional mas não está em condições de ditar soluções futuras e muito menos de definir um novo mapa geopolítico para a Região.
Continuar a ignorar a Rússia nas presentes batalhas que assolam o Médio Oriente só pode levar ao prolongamento da guerra. A 'aliança multinacional contra o Daesh' não pose ser 'utilizada' desta maneira ('à americana').
Tomar Raqqa nas costas de Damasco e à ilharga da Rússia que interesses estratégicos serve?
Esta uma pergunta a colocar desde já (enquanto se prepara o assalto) porque quanto mais tarde o fizermos, piores serão os resultados.
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