A CGD, o País e o decoro
«António Domingues e a sua equipa podem ser os melhores gestores do mundo, mas a atitude arrogante que está a tomar é inaceitável.»
(José Pacheco Pereira»
- Subscrevo.
O Governo, no desejo de salvar o banco público da privatização e da situação em que a direita deixou toda a banca, depois de conseguir uma enorme vitória diplomática, conseguiu defender a CGD da fúria do desmantelamento do Estado que o PSD e o CDS prosseguiram. Para isso teve de fugir aos padrões partidários da gestão pública e nomear profissionais que fossem aceites pelo BCE, prometendo-lhes condições que, agora, alguns por boas razões e outros por más, se esforçam para o impedir de cumprir.
Enquanto o País sofre a vindicta de uns, a demagogia de outros e a arrogância de gestores que fizeram carreira na banca, insensíveis a apelos patrióticos ou a critérios de decência, espreita o diabo de que fala o mais néscio de todos os primeiros-ministros desde Pimenta de Castro.
Passos Coelho, afirmou no último sábado, em Sesimbra, que o país está “sem rei nem roque” e reafirmou a ideia de que os novos administradores da Caixa Geral de Depósitos são obrigados aos deveres de transparência.
Eram afirmações aceitáveis se viessem de alguém que não tivesse usado fundos europeus para uma escola de formação de técnicos de aeródromos e heliportos da Região Centro (com saída idêntica à de calceteiros marítimos), que não se tivesse furtado a pagar à Segurança Social prestações que devia ou que não tivesse requerido à A.R. o pagamento indevido de uma falsa exclusividade de funções.
Os mesmos que aceitaram um diretor-geral de Finanças, funcionário público, a ganhar o triplo do respetivo ministro, no governo do impoluto Durão Barroso, e que aceitam o vencimento do militante do PSD, encarregado pelo BP de vender o Novo Banco, são os que se indignam com a remuneração e as condições dos administradores da CGD, que querem ver privatizada.
É a gente do PSD e do CDS, pertencente ao Partido Popular Europeu (PPE), que se compadece com a escandalosa fraude da França para esconder o défice, combinada com os seus (Barroso e Juncker) que mais grita de indignação.
Teriam razão se tivessem moral.
(José Pacheco Pereira»
- Subscrevo.
O Governo, no desejo de salvar o banco público da privatização e da situação em que a direita deixou toda a banca, depois de conseguir uma enorme vitória diplomática, conseguiu defender a CGD da fúria do desmantelamento do Estado que o PSD e o CDS prosseguiram. Para isso teve de fugir aos padrões partidários da gestão pública e nomear profissionais que fossem aceites pelo BCE, prometendo-lhes condições que, agora, alguns por boas razões e outros por más, se esforçam para o impedir de cumprir.
Enquanto o País sofre a vindicta de uns, a demagogia de outros e a arrogância de gestores que fizeram carreira na banca, insensíveis a apelos patrióticos ou a critérios de decência, espreita o diabo de que fala o mais néscio de todos os primeiros-ministros desde Pimenta de Castro.
Passos Coelho, afirmou no último sábado, em Sesimbra, que o país está “sem rei nem roque” e reafirmou a ideia de que os novos administradores da Caixa Geral de Depósitos são obrigados aos deveres de transparência.
Eram afirmações aceitáveis se viessem de alguém que não tivesse usado fundos europeus para uma escola de formação de técnicos de aeródromos e heliportos da Região Centro (com saída idêntica à de calceteiros marítimos), que não se tivesse furtado a pagar à Segurança Social prestações que devia ou que não tivesse requerido à A.R. o pagamento indevido de uma falsa exclusividade de funções.
Os mesmos que aceitaram um diretor-geral de Finanças, funcionário público, a ganhar o triplo do respetivo ministro, no governo do impoluto Durão Barroso, e que aceitam o vencimento do militante do PSD, encarregado pelo BP de vender o Novo Banco, são os que se indignam com a remuneração e as condições dos administradores da CGD, que querem ver privatizada.
É a gente do PSD e do CDS, pertencente ao Partido Popular Europeu (PPE), que se compadece com a escandalosa fraude da França para esconder o défice, combinada com os seus (Barroso e Juncker) que mais grita de indignação.
Teriam razão se tivessem moral.
Comentários
O processo já vai longo e não deve (nem pode) arrastar-se mais. Começa a não existir saída possível, ou politicamente aceitável, sem passar pelo afastamento da administração recém empossada. O tempo que levará a obter a concordância do BCE para aceitar novos (outros) administradores poderá ser mais curto que a prossecução de uma obscura e penosa chicana em fase de desenvolvimento e com novos episódios diários.
É altura de emendar a mão sobre o acessório se pretendermos salvar o essencial - um banco público forte e operativo (imprescindível para o crescimento económico).
Quanto ao gestor bancário António Domingues cabe aqui uma máxima popular: os cemitérios são cheios de homens providenciais e insubstituíveis...
Dito isto,
2. Discordo deste principio da desconfiança que impera em relação aos homens públicos da mesma forma que odeio ser revistado de cada vez que tenho de andar de avião. Mal vai uma sociedade quando os cidadão têm de andar sistematicamente a fazer prova de que são pessoas de bem.
MRocha
Mas, para gestores bancários, será esse o mecanismo que nos conduz a tão elevados valores? Tenho dúvidas.
Depois, tudo o viesse a mais deverá depender do cumprimento de objectivos concretos e dimensionáveis, o chamado 'pay for performance' (que não pode ser só ditado pela evolução dos títulos na Bolsa que têm sempre múltiplas interpretações), bem como de comportamentos adoptados (equity governance).
O problema dos números é a sua transparência e inteligibilidade (à margem do 'economês')
Todavia, o último e decisivo critério de regulação terá de ser a massa acionista, aquela que controla os dividendos.
Ora, aí é que entra o problema. O Estado - representante dos acionistas - dá de bandeja (à priori) que os objectivos serão cumpridos (não conhecemos quais são).
A experiência corrente e do passado é muito contraditória (se não oposta) e conflitua com estas (novas) realidades.