Donald Trump, o empreiteiro que rompe acordos
Há três razões a impedir a designação de besta perfeita ao presidente do EUA. A primeira é o respeito que merece a função e o país, a segunda é o simples dever de educação e, finalmente, saber que ninguém é perfeito.
É enorme a perplexidade perante o mais poderoso líder mundial, capaz de pôr em causa todos os compromissos assumidos pelo seu país, desde a normalização das relações com Cuba até ao acordo sobre o clima e, agora, o difícil e auspicioso acordo obtido sobre a desnuclearização do Irão.
O Irão, com a própria e difícil anuência dos aiatolas, submeteu-se ao acordo unânime dos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (P5), China, França, Rússia, Reino Unido e os EUA, assinando a desistência do programa nuclear estruturado, em curso, altamente perigoso numa região fortemente instável.
O desmantelamento do programa, em fase avançada, monitorizado pela Agência Internacional de Energia Atómica, sob cuja vigilância se mantém, foi escrupulosamente respeitado pelo Irão, como ainda em fevereiro o confirmou a referida agência, ao contrário do que declarou Trump.
O apoio ao perigoso disparate pela Arábia Saudita e Israel é motivo acresciso de preocupação, a juntar à ignorância crassa do cowboy americano que acusou o Irão (xiita) de ser apoiante dos talibãs e da Al-Qaeda, assumidamente sunitas e financiados pelos sauditas.
Será o dissoluto Trump, um sionista desvairado ou sunita desmiolado disfarçado de ignorante?
Quem pode travar este néscio à solta, este irresponsável que a Cambrydge Analytyca levou à Casa Branca? Já nem a Europa, nem mesmo o Reino Unido, satélite habitual da antiga colónia, o acompanham no desvario que ultrapassou as piores previsões.
A decisão de Donald Trump em relação ao Irão, é um perigo iminente para a paz mundial e uma traição ao Irão e à Europa que já teme acompanhá-lo.
Apostila - Ignoro, nos últimos anos, qualquer ataque terrorista ao Ocidente, perpetrado por xiitas.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
O ataque israelita a posições militares na Síria (onde refere estarem instaladas bases iranianas) na sequência do 'rasgar do acordo' sobre o Irão (repetidamente solicitado por Telavive a Washington), bem como a 'deslocalização' da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, deverão ser entendidos como indícios visíveis de uma nova escalada na região.
O que parece estar subjacente é a 'consagração' de uma ocupação ilegítima (à luz do direito internacional) dos Montes Golã, decorrente do conflito ocorrido em 1967 que ficou conhecido pela 'Guerra dos Seis Dias'.
Mas o mais grave é o paulatino ressurgimento do conceito ultranacionalista de 'Grande Israel', através de um místico recuo da política israelita às fantasias bíblicas e, daqui para a frente, é de esperar o pior... pois, como todos sabemos, o terrorismo não é uma emanação exclusiva dos muçulmanos.