Notas Soltas – maio/2018
1.º de Maio – Por
mais que a sociedade de consumo se aproprie da festa e a esvazie de conteúdo, a
data será sempre a da festa dos trabalhadores, no simbolismo da luta pelos seus
direitos e na lembrança dos mártires que os reivindicaram.
Reino Unido – A
conveniente acusação à Rússia pelo envenenamento de um ex-espião, que levou à
retaliação diplomática de países da Nato, exige provas. As guerras, como a do
Iraque, serviram para resolver problemas aos agressores. O RU está sob suspeita.
Cambrydge Analytyca
– A falência da empresa que atraiçoou as democracias e usou a fraude ao serviço
dos piores políticos é um óbito desejado, mas não faltam recursos para novas
formas de usar o conhecimento da Internet ao serviço do neoliberalismo.
Moçambique – A
morte de Afonso Dhlakama pode ter ocorrido na altura em que fosse útil à
pacificação do País, mas a conduta terrorista do filho de régulo, fez jus ao
partido tribal – Renamo –, criado pela racista Rodésia e sustentado pela guerra
fria.
Rússia – A tomada
de posse do autocrata Putin, convenientemente abençoado pelo líder da Igreja
ortodoxa, é a metáfora do percurso político do País e dos seus dirigentes, uma inversão
ideológica do ex-líder do KGB da URSS sem alteração da sua natureza.
EUA – A rutura do
pacto nuclear com o Irão, decidida por Trump, considerada um erro grave por
Obama, foi a denúncia unilateral de um tratado difícil de obter e uma traição a
Teerão, à Europa e à paz mundial. Trump destruiu 12 anos de frutuosas negociações.
Jaime Marta Soares
– O Presidente da Liga dos Bombeiros, um deplorável autarca que arruinou as
finanças de Poiares durante décadas, é hoje um provocador profissional, nos
incêndios, no futebol e na política, a exigir que o travem e o tratem. É
nefasto.
Israel – A
história cria Estados cuja conflitualidade é irrefreável, mas é intolerável que
a Palestina e Israel não sejam dois Estados que a comunidade internacional imponha
e defenda. Inaceitável é o expansionismo sionista ou a sua última agressão à
Síria.
Alemanha – Há 73
anos, os EUA eram na Europa o país mais confiável e a Alemanha o menos. Hoje,
invertidas as posições, é Merkel a avisar a Europa de que não pode confiar já no
velho aliado, depois de Trump abandonar o pacto nuclear com o Irão. Tem razão.
Trump – Um líder do
país mais poderoso, capaz de rasgar os compromissos assumidos, desde a
normalização das relações com Cuba até ao acordo mundial sobre o clima e ao profícuo
acordo sobre a desnuclearização do Irão, torna-se um perigo universal.
Timor – O regresso
de Xanana Gusmão ao poder, com eleições realizadas em clima de alguma tensão e
indiscutível legitimidade, é motivo de satisfação para Portugal, que se bateu
pela independência, e assiste aí ao funcionamento de uma democracia.
Espanha – A
monarquia, herança de Franco, passou de contrabando na Constituição. O rei Juan
Carlos encarregou Aznar de apresentar um estudo sigiloso para abdicar e evitar o
debate sobre república ou monarquia. Obteve a sucessão e a im(p)unidade
perpétua!
Catalunha – O
nacionalismo concilia posições políticas antagónicas e dispensa metade da
população, que recusa o aventureirismo secessionista. Ter um presidente de
esquerda ou de direita torna-se irrelevante perante o delírio emocional da sua
identidade.
Vítor Constâncio
– O notável economista, mal-amado em Portugal, e de saída do BCE, defendeu em
Malta, com enorme lucidez e sólida argumentação, a política orçamental e
económica comum na UE, antecipando o desastre a que vai conduzir a sua ausência.
Aquecimento global
– Alheios ao futuro, à falta de água, oxigénio, ozono, espaço vital, emprego e
segurança, há dirigentes políticos, autênticos predadores, que fingem ignorar que
a Terra acumula 400 meses seguidos de temperaturas superiores à média
histórica.
Papéis do Panamá
– A excitação geral sobre a denúncia de quem pôs dinheiro lá fora, ficando cá
dentro, foi o fogo fátuo que se apagou com o rasto das transferências que as
Finanças perderam nos últimos tempos de Cavaco, Passos Coelho, Portas e Maria
Luís.
António Arnaut –
Faleceu um Homem. Fica o seu exemplo cívico e a obrigação de perpetuarmos os
valores por que se bateu, os ideais que foram seus e fazermos nossa a luta que
travou pelo SNS, a democracia e a liberdade.
Irão – As ameaças
feitas por Trump, de uma violência sem precedentes, não são apenas um insulto e
um ataque à soberania de um País, são um ato de chantagem, um ultimato e uma
declaração de guerra. É inaceitável que a força se sobreponha ao direito.
Margarida Balseiro
Lopes – A jovem deputada, cujo discurso do 25 de Abril foi uma bela
surpresa, quer a alteração dos estatutos do PSD, de modo a permitirem a
expulsão dos militantes condenados por corrupção. Excelente desafio aos outros
partidos.
Partido Popular
Espanhol (PP) – Pela primeira vez um partido político foi condenado. O PP, que
governa a Espanha, ‘participante a título lucrativo pelos atos eleitorais que
as empresas do grupo Correa apoiaram’, beneficiou de um crime. Que desconhecia!!!
Irlanda – A colossal
vitória do Sim no referendo da despenalização do aborto, sujeito a penas severas,
incluindo casos de violação, incesto e malformação do feto, é uma vitória dos
direitos sexuais e reprodutivos da mulher contra a intransigência da Igreja
católica.
Itália – Os
partidos xenófobos e populistas, que a repetição de eleições ameaça reforçar, não
assustam apenas os investidores italianos e os cidadãos com poupanças, arriscam
a crise institucional na UE, lançando o caos nos mercados e nas economias da
zona euro.
Eutanásia – Ficou
adiado o direito individual de decidir a morte por quem é incapaz de suportar a
dor de uma vida sem esperança. A decisão da AR é legítima, mas são injustas a disciplina
de voto, em questões de consciência, e a poluição confessional da votação.
Mensário «Praça Alta» - Ponte Europa - Sorumbático
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