Marcelo e o PR
Há entre Marcelo Rebelo de Sousa e o PR um insanável conflito de interesses. O comunicador afável, não se conformando a fazer apenas comendadores, comentários e transfusões de afetos, corre o risco de ficar o que disse de Balsemão, no Expresso, se, acaso, não está já.
O comentador bem pago de um canal televisivo acabou por ser comentador pro bono de todos os canais, jornais e emissoras, a todas as horas, em qualquer local, sobre todos os assuntos. Com alma de Perón, sem Evita, acaba pároco de aldeia a ouvir em confissão a horda de paroquianos que prefere o reverendo abade ao psicólogo.
Na incontinência verbal que nutre afetos e corrói a reputação, o PR veste-se de Marcelo disparata. Ao referir-se a dois irmãos cantantes, de êxito internacional, qualificou-os de “embaixadores mais qualificados e mais eficientes do que a generalidade da nossa diplomacia” o que levou à carta de repúdio, pela comparação, da Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses (ASDP).
Há, de facto, um tal nível de excelência na competência e profissionalismo da classe dos embaixadores que, para além de não se compararem artistas com diplomatas, é injusta e leviana a flagrante indelicadeza para com “a generalidade da nossa diplomacia”.
Basta observar a eficiência dos embaixadores portugueses, PMs e MNEs incluídos, em renhidas disputas internacionais de enorme complexidade:
- A independência de Timor depois do reconhecimento anterior da soberania Indonésia pela Austrália e a teocracia católica do Estado do Vaticano;
- A presidência da Assembleia Geral da ONU por Freitas do Amaral, contra poderosos lóbis de diversos países;
- A presidência da Comissão Europeia por Durão Barroso, conseguindo apagar a nódoa da sua participação na cimeira das Lajes, preterindo Aznar cujo entusiasmo na invasão do Iraque foi mais demolidor para as suas ambições do que a proximidade ao Opus Dei;
- A nomeação de Jorge Sampaio para Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações (2007-fev. 2013);
- A condução do processo que levou António Guterres, independentemente do elevado mérito do candidato, a secretário-geral da ONU, contra Kristalina Georgieva, búlgara, vice-presidente da Comissão Europeia, candidata da Sr.ª Merkel, do Grupo Bilderberg, de Jean-Claude Juncker, de Durão Barroso e do eurodeputado do PSD, Mário David, o paquete do PPE, que foi o entusiástico mandatário da adversária Kristalina Georgieva;
- E, recentemente, a presidência do Eurogrupo por Mário Centeno.
Podiam os embaixadores ficar diplomaticamente calados, mas preferiram antecipar-se à erosão dos afetos e do discernimento do loquaz comentador.
O comentador bem pago de um canal televisivo acabou por ser comentador pro bono de todos os canais, jornais e emissoras, a todas as horas, em qualquer local, sobre todos os assuntos. Com alma de Perón, sem Evita, acaba pároco de aldeia a ouvir em confissão a horda de paroquianos que prefere o reverendo abade ao psicólogo.
Na incontinência verbal que nutre afetos e corrói a reputação, o PR veste-se de Marcelo disparata. Ao referir-se a dois irmãos cantantes, de êxito internacional, qualificou-os de “embaixadores mais qualificados e mais eficientes do que a generalidade da nossa diplomacia” o que levou à carta de repúdio, pela comparação, da Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses (ASDP).
Há, de facto, um tal nível de excelência na competência e profissionalismo da classe dos embaixadores que, para além de não se compararem artistas com diplomatas, é injusta e leviana a flagrante indelicadeza para com “a generalidade da nossa diplomacia”.
Basta observar a eficiência dos embaixadores portugueses, PMs e MNEs incluídos, em renhidas disputas internacionais de enorme complexidade:
- A independência de Timor depois do reconhecimento anterior da soberania Indonésia pela Austrália e a teocracia católica do Estado do Vaticano;
- A presidência da Assembleia Geral da ONU por Freitas do Amaral, contra poderosos lóbis de diversos países;
- A presidência da Comissão Europeia por Durão Barroso, conseguindo apagar a nódoa da sua participação na cimeira das Lajes, preterindo Aznar cujo entusiasmo na invasão do Iraque foi mais demolidor para as suas ambições do que a proximidade ao Opus Dei;
- A nomeação de Jorge Sampaio para Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações (2007-fev. 2013);
- A condução do processo que levou António Guterres, independentemente do elevado mérito do candidato, a secretário-geral da ONU, contra Kristalina Georgieva, búlgara, vice-presidente da Comissão Europeia, candidata da Sr.ª Merkel, do Grupo Bilderberg, de Jean-Claude Juncker, de Durão Barroso e do eurodeputado do PSD, Mário David, o paquete do PPE, que foi o entusiástico mandatário da adversária Kristalina Georgieva;
- E, recentemente, a presidência do Eurogrupo por Mário Centeno.
Podiam os embaixadores ficar diplomaticamente calados, mas preferiram antecipar-se à erosão dos afetos e do discernimento do loquaz comentador.
Comentários
"Quem muito fala, pouco acerta"!
Na verdade, uma tão 'ruidosa' e 'palavrosa' presidência começa a enfastiar e arrisca transformar-se numa vulgar excrescência.