Eleições presidenciais – o melhor e o pior dos três candidatos declarados

Como nunca me abstenho, se houver apenas estes candidatos, votarei Seguro, candidato em riso de não atingir o mínimo de votos para a subvenção do Estado. É outra Maria de Belém, apoiado pelos que dividiram apoios a Sampaio da Nóvoa e denegriram António Costa durante oito anos ao lado de Marcelo e do PSD.

Na última semana estiveram os três em evidência:

Seguro, merecedor de encómios, pela coragem da candidatura e pelo melhor discurso de apresentação dos três, bom na forma e excelente na substância, incluindo a única voz decente na referência às despesas militares; mau a declarar-se não vindo da política tradicional, como se isso fosse verdade ou desonra;

Marques Mendes, bem no notável sentido de Estado a pronunciar-se contra a invasão do Irão por Israel, a mostrar que é político; péssimo no deplorável elogio ao programa do Governo, pior que o anterior e desonesto por incluir o que tinha omitido na campanha eleitoral, mostrando que não passa de satélite de Montenegro e alter ego de Marcelo;

Gouveia e Melo, duplamente mal, timorato a reagir a insultos nazis a um líder religioso português durante a homenagem aos ex-combatentes, péssimo a referir-se à invasão do Irão, legitimando guerras preventivas. É a Helena Ferro Gouveia de calças e ar marcial.

Como não acredito que a vitória de Gouveio e Melo, no caso de uma segunda volta, seja inevitável, não será com Marques Mendes, mas com alguém oriundo da área do PS que passe à segunda volta e agregue votos de toda a esquerda como sucedeu com Ramalho Eanes contra Soares Carneiro, um sombrio general apoiado pelo PSD e CDS.

Gouveia e Melo ganhará à primeira volta se Ventura, em vez de concorrer, engolir a ofensa de ter visto recusado o seu apoio a este candidato que se diz do centro político, seja isso o que for.  As sondagens provam que resiste às fragilidades políticas e ao perigo que representa para o regime com a criação de um partido. Os seus defeitos, conservadorismo, autoritarismo e impreparação política, são o seu maior ativo eleitoral.

Aguardo outros candidatos à esquerda e espero o bom senso de todos para desistirem a favor do que estiver mais bem colocado para a segunda volta. A geometria eleitoral não é favorável e as lutas fratricidas à esquerda só a enfraquecem mais.

Gouveia e Melo não é apenas uma sequela das vacinas, é um glorioso efeito secundário da deplorável presidência de Marcelo.


Comentários

Carlos Antunes disse…
Como socialista e não tendo António Vitorino avançado como candidato (que eu não teria dúvidas em apoiar, por lhe reconhecer elevada competência para a função presidencial), não voto Seguro por manifesta falta de estatuto presidencial (embora aceite aqueles socialistas que nele votarão por se tratar de “um mal menor”).
Por outro lado, descarto obviamente o voto no almirante Gouveia e Melo, uma vez que acho que o perfil presidencial, após a consolidação democrática-civilista do regime pós-25 Abril, não se coaduna já com um presidente militar.
Resta-me, assim, o “voto em branco”, na linha da metáfora de José Saramago (“Ensaio sobre a Lucidez”), de que ao votar em branco não prescindindo do meu direito de votar, a minha consciência política diz-me que não me revejo em qualquer um dos candidatos.
Sobre a plena legitimidade do “voto em branco” em eleições de democráticas, Prof. Vital Moreira, Público, 6/042004 (https://www.publico.pt/2004/04/06/jornal/o-anatema-do-voto-em-branco-186567).
Espero ainda que António Vitorino avance. Ou Sampaio da Nóvoa. Ou mesmo Santos Silva.
Victor Nogueira disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Victor Nogueira disse…
Seguro é o das "abstenções" violentas que iam viabizando o desgoverno de Anílbal, Pedro & Paulo, na senda de irem mais além que a tróika. Na fila dos "notáveis" do PS que apoiam o agora supra-partidário Seguro encontram-se os aala direita do PS que sempre estiveram contra a "geringonça", preferindo uma traquitana com o PSD & CDS. Outra "supra-partidário é o Almirante Henrique de Passaláqua, que na 1ª fila de apoiantes tem "partidários" PSD, bem integrados no sistema do Bloco Central de Negócios. Tal como Seguro, Gouveia e Melo afirma que vem para "unir", o que tem um sabor à novidade remoçada da velha "união nacional". Para já, no seu afã de “unir”, Gouveia e Melo, no cimo do muro entre o "socialismo" e a "social-democracia", elogia o (ardiloso) "Programa do Governo", por ele considerado como "reformista e virado para o futuro", um futuro às arrecuas, co programado com o Chega e a IL, que querem rever e expurgar o que resta da CRP de 1976, rumo à aboliçao do Estado Social, tudo em nome da completa mercantilização da sociedade, onde o lucro máximo é quem mais orden(h)a, seja qual for o preço a pagar pela ralé.

Entre Passaláqua, Mendes e Seguro não há porto seguro à vista. O caminho terá de ser outro! Aquele que se faz entre Abril e Maio, mas não o de 1926!

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