A democracia e os partidos
Quem ignora a literatura do século XIX há-de pensar que todos os males se abateram sobre a democracia portuguesa. E, todavia, algo vai mal.
Desde logo, o populismo infrene de quem, tendo construído as suas carreiras na política, declara o desprezo pelos partidos. Depois, a mentalidade herdada da mais longa ditadura europeia, de que os partidos são a causa de todos os males e os políticos os responsáveis de todos os desvarios.
Em pleno salazarismo, um fascismo beato e manso, dizia o ministro do Interior, Santos Júnior, que não era político mas que Salazar mandava e ele obedecia, uma obediência tão cega que o levou a acusar os comunistas do assassínio de Humberto Delgado que a PIDE e/ou ele próprio perpetrara.
É desta falta de coluna vertebral, desta boçalidade, desta herança desgraçada, que se faz o húmus em que a liberdade é o inimigo e a democracia um perigo a esconjurar.
Não fora a União Europeia, onde a sagacidade e prestígio de Mário Soares nos levaram, e bastava o sobressalto eleitoral ou um período mais longo de dificuldades económicas para pôr em risco a estabilidade democrática.
Não seriam capitães a sair dos quartéis para oferecerem a liberdade mas coronéis que se amotinavam para trazer nas baionetas um messias iluminado pelo saber das sebentas e aureolado pelo fascínio da tabuada.
O longo passado autoritário, o miguelismo caceteiro e a tradição reaccionária das nossas elites aconselham uma pedagogia cívica, inflexível e persistente, contra o populismo e o espírito messiânico, metástases de um tumor velho de séculos.
Portugal não difere dos outros países europeus, apenas tem o azar de ter políticos com desvarios atlantistas, subservientes a culturas e projectos geo-estratégicos alheios aos interesses nacionais.
Desde logo, o populismo infrene de quem, tendo construído as suas carreiras na política, declara o desprezo pelos partidos. Depois, a mentalidade herdada da mais longa ditadura europeia, de que os partidos são a causa de todos os males e os políticos os responsáveis de todos os desvarios.
Em pleno salazarismo, um fascismo beato e manso, dizia o ministro do Interior, Santos Júnior, que não era político mas que Salazar mandava e ele obedecia, uma obediência tão cega que o levou a acusar os comunistas do assassínio de Humberto Delgado que a PIDE e/ou ele próprio perpetrara.
É desta falta de coluna vertebral, desta boçalidade, desta herança desgraçada, que se faz o húmus em que a liberdade é o inimigo e a democracia um perigo a esconjurar.
Não fora a União Europeia, onde a sagacidade e prestígio de Mário Soares nos levaram, e bastava o sobressalto eleitoral ou um período mais longo de dificuldades económicas para pôr em risco a estabilidade democrática.
Não seriam capitães a sair dos quartéis para oferecerem a liberdade mas coronéis que se amotinavam para trazer nas baionetas um messias iluminado pelo saber das sebentas e aureolado pelo fascínio da tabuada.
O longo passado autoritário, o miguelismo caceteiro e a tradição reaccionária das nossas elites aconselham uma pedagogia cívica, inflexível e persistente, contra o populismo e o espírito messiânico, metástases de um tumor velho de séculos.
Portugal não difere dos outros países europeus, apenas tem o azar de ter políticos com desvarios atlantistas, subservientes a culturas e projectos geo-estratégicos alheios aos interesses nacionais.
Comentários
Que vergonha seus democratas... que vergonha...
O meu e-mail aparece se clicarem no meu nome, quando acedem ao Ponte Europa.
Não se escondam no anonimato para procurarem a intriga.
Interroguem-me directamente e eu, se souber, responder-lhes-ei.
Compreendo o medo que têm em dar a cara. Há ainda o trauma de quando o Portas e a Cardona estiveram no poder.
Mas comigo estão à vontade. Nunca fui bufo, apenas objecto do seu interesse.
Ora bem, caro Esperança: Mário Soares tem o seu papel na história de Portugal. É inegável!... Salazar também. É inegável!... E Cavaco também!...
A história, recente ou mais antiga deste belo país à beira mar mergulhado, deve ser honrada. Concordemos ou não com as decisões tomadas em qualquer momento.
Gosto de o ler. Penso que é intelectualmente honesto e que, realmente, não o faz por taxismo... Sinceramente o digo.
Mas tem de concordar, caro Esperança, que esta defesa cega de movimentos na minha opinião indefensáveis, não o honra.
Digo-o com a mesma honestidade que lhe confesso que nunca votei ou votarei na chamada "esquerda". Não por qualquer prurido ideológico, mas porque não vou a festas de carnaval... A esquerda de hoje (e falo principalmente do PS), mais não é que um PSD com individualidades diferentes. Soares mais não é do que uma espécie de Cavaco envelhecido.
Por isso lhe peço que pense várias vezes antes de defender o indefensável. E se mesmo assim lhe apetecer escrever, fale do cocó dos cães em Santo António dos Olivais. Ou do xixi dos gatos em Ceira...
Adalberto Teixeira
58 anos, ex-combatente em Moçambique, mas sempre resistente à ditadura bafienta
Coimbra
Sr. Carlos Esperança, sabe como é que o Mário Soares se impôs ao PS, fazendo cair por terra as conversas entre José Sócrates e Manuel Alegre?
Resposta: Não sei. Se é honesto e sabe, informe os leitores do Ponte Europa.
Carlos Esperança, 63 anos, ex-combatente na guerra colonial em Moçambique, enviado pela ditadura de Salazar.
Sei, de fonte segura. E di-lo-ei neste blog, logo que o senhor me responda à segunda pergunta que lhe fiz.
AT
De derrota em derrota até à capitulação final, Mário Soares voltou-se agora contra a Comunicação Social, acusando os jornalistas de serem parciais.
Poderíamos aqui escrever sobre o que foram as relações entre Mário Soares e a Comunicação Social enquanto ele foi Presidente da República. Mas não vale a pena. A própria asessora, Estrela Serrano, escreveu um livro sobre esse período; basta ler.
Para se saber o que pensa o Povo (e a cada um o seu voto, como é timbre da democracia) basta consultar este site.
COMUNICAÇÃO INTERNA DO Contramestre ÀS 10:48 AM
Segunda-feira, Janeiro 09, 2006
Que susto!
Afinal essa história das reformas aos 65 anos, da subida do IRS e IVA e afins... não era connosco. Ufa! Que alívio!
COMUNICAÇÃO INTERNA DO Cadete ÀS 4:12 PM
Respondo-lhe naturalmente:
1 - Não gostei do abraço de Mário Soares a Valentim Loureiro;
2 - Gostei da atitude digna do líder do PSD Marques Mendes a vetá-lo como autarca;
3 - Surpreende-me que um partido (o PSD) o tenha candidatado a uma câmara importante e, pior, que o tenha deixado ocupar os mais altos cargos partidários depois de saber da demissão das Forças Armadas por se locupletar com o dinheiro das batatas.
Agora responda-me se tiver coragem de pôr o seu e-mail. Doutro modo não o levo a sério nem o considero como tal.
Para a hipótese de não me responder aqui no Ponte Europa, declaro que tenho todas as razões para o considerar um homem sério.
E, pelo facto de apoiarmos candidatos diferentes, não há da minha parte o mínimo ressentimento. Era só o que faltava!
Tenho amigos em todas as candidaturas salvo na do Garcia Pereira, que eu saiba.
A diversidade de pensanmento enriquece a democracia.
E os comentários, por mais azedos, são úteis a quem escreve.
Só me aborrece a mentira e a calúnia mas, como os leitores notam, não são apagadas.
Há para aí um blogue de direita, o Reboque http://portaavioes.blogspot.com/
que não permite comentários apesar das insinuações que faz. É natural, é de direita.
Não dê o seu e-mail que ele vai lixa-lo....
Ou melhor... pode dar, que este Esperança não é ninguém, niunca lhe poderá fazer mal!
Dê isso ao velhinho de 63 a caminho de 64 anitos (é o jovem, ao pé do Márito)
"Finalmente leitores de esquerda descobriram o «Ponte Europa».
Até parecia que Coimbra era um meio dominado pela direita e onde qualquer voz de esquerda era censurada."
Nota-se
Ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah
Ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah
Ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah
Ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah
"Há para aí um blogue de direita, o Reboque http://portaavioes.blogspot.com/
que não permite comentários apesar das insinuações que faz. É natural, é de direita"
Pois, isso é verdade, mas pelo menos lá não se apagam comentários como aqui! e depois dizem que não o fazem... Hipócritas...
Bem, mas comparar o Drº. Maló de Abreu, destinto Médico Dentista desta cidade, com um Esperancinha que nunca foi ninguém na vida...
enfim, é comparar o cu com a torre eifell........ Nem é preciso dizer mais nada!
Ao menos tenham vergonha e não mintam.
Quanto ao «destinto» médico de que fala o anónimo, não conheço, a menos que se refira a um catedrático de medicina que conheço bem e que não vejo a dedicar-se à intriga.