A extinção do serviço militar obrigatório


O Governo de Durão Barroso/Paulo Portas, perante a habitual indiferença da generalidade da sociedade portuguesa e a prévia anuência de todos os partidos, com excepção do PCP, pôs termo ao Serviço Militar Obrigatório (SMO).

Foi um erro e uma insensatez que apenas alegrou as juventudes partidárias, numa altura em que a guerra injusta e a ditadura responsável tinham terminado há quase três décadas.

Foi uma decisão legal mas tão disparatada como a compra de dois submarinos que o almirante Fuzeta da Ponte aconselhou ao ministro que não foi à guerra.

A democracia portuguesa não é uma conquista irreversível. Não há conquistas definitivas. Por isso defendi o SMO para ambos os sexos. Inutilmente.

SMO não significava a incorporação de todos os jovens. Era um serviço cívico, instrumento de coesão nacional, e o aproveitamento de competências técnicas civis de que as Forças Armadas (FA) eram depositárias.

Não penso que as FA possam voltar a ser a guarda pretoriana duma ditadura, mas deixaram de ser o instrumento de coesão nacional que a origem diversificada dos recrutas, sob o ponto de vista geográfico e cultural, assegurava.

Para desgraça do país e vergonha dos que se vangloriaram de ter assinado a certidão de óbito do SMO, não há voluntários suficientes, não se recrutam os desejáveis, minguam os recursos financeiros para atraí-los e aumentam os efectivos da função pública em época de austeridade.

Podem limpar as mãos à parede.

Comentários

Anónimo disse…
Também não sou apologista do SMO. Não é minimamente justo que bastantes jovens tivessem de interromper o percurso que haviam traçado para cumprir um serviço que quase nada trazia ao país.
Compreendo que neste momento se estaja a gerar uma crise na recruta das FA mas se tal acontece é por falta de informação à sociedade. As carreiras profissionais militares são muito privilegiadas e podem permitir a muitos jovens que não encontram solução na congestionada sociedade portuguesa uma forma de escape.
É uma questão de informação.
Anónimo disse…
"Para desgraça do país e vergonha dos que se vangloriaram de ter assinado a certidão de óbito do SMO, NÃO HÁ VOLUNTÁRIOS SUFICIENTES...". O facto de não haver voluntários suficientes demonstra bem a inutilidade do SMO. Se não há voluntários suficientes, como o próprio Carlos Esperança admite, é porque os jovens não estão interesseados no SMO, que não cumpre nenhum papel útil na sociedade. Seria então legitimo obrigar jovens contrariados a cumprir um serviço militar para o qual não demonstram nenhum interesse?
Anónimo disse…
Ó esperança até dás dó!! Cala-te e desaparece, só dizes asneiras.
Sempre a querer bater naqueles que não gosta.
Acabou-se bem com o servço militar obrigatório. Uma promessa de muitos governos mas que só um teve coragem para cumprir.
Obrigado Dr. Paulo Portas, e eu que até nem gosto do personagem.
Anónimo disse…
o Esperança pega de empurrão, toda a gente em coimbra sabe disso
Anónimo disse…
«o Esperança pega de empurrão, toda a gente em coimbra sabe disso».

RE: Não costumo responder a imbecis nem gosto de apagar comentários. Todavia, há níveis de indigência mental que exigem tratamento psiquiátrico.

Só a cobardia do anonimato permite a sordidez e a boçalidade.

Agradeço aos que discordam dos meus pontos de vista com argumentos.
Anónimo disse…
"SMO - calma":
a)Roma - não tinha SMO, antes pelo contrário, dispunha de soldados profissionais.
b)Extinção/coragem ? - negativo. A iniciativa e o processo foram fundamentalmente do PSD. Sem qq coragem de assinalar,antes pelo contrário, o medo de desagradar ás juventudas partidárias (excepção à juventude do CDS, que 'alinhava' com o PCP contra a extinção). A participação de Portas, é outro assunto, mais dado a negócios com material de guerra do que a qq assunto de verdadeiro e sério interesse militar.
c) SMO, manter? - pesem as boas intenções dos seus defensores, não tinha qq futuro. São as sociedades modernas (ou pós-modernas), as nossas familias e os nossos vizinhos, que querem ter pouco a ver com isso. Ou que os seus filhos ali permaneçam.
d) SMO/Serviço Cívico - teve alguma aplicação em França. Admito pudesse ser positivo como serviço à comunidade, se os governos fossem outros, com o 'risco' de parecerem ou serem um pouco interventivos (de pendor social/socialista?)
e) SMO 4 /dignidade política - Lamentávelmente, e por obra e graça do PSD, acolitado pelo PS, com o CDS atrelado, a juventude do meu país foi efectivamente sugeita durante uma década, ao inqualificável abuso de um SMO de 4 meses - uma indignidade pública, do Estado.
Visto do Regimento
Anónimo disse…
Caro BM:

Depois de falar um especialista e estudioso, os comentários tornam-se mais difíceis.

Um abraço.
Anónimo disse…
Vou responder ao BM como o Esperança já rspondeu aqui a alguém:

"Ó senhor lamentavelmente, não tem acento no á..."

é este o tal "um especialista e estudioso"... é por essas e por outras que a nossa investigação em Portugal está como está..."
Anónimo disse…
Ao anónimo das 1:33 AM:

São fracos argumentos para rebater um distintíssimo militar e um cidadão de rara coragem.

Enfim, o anionimato permite muita coisa...
Pedro disse…
Sou especialmente sensível a esta questão. Chegado à idade do recenseamento ainda durante a obrigatoriedade do SMO, declarei-me objector de consciência, por razões de princípio que nada têm a ver com a religião.
O estatuto foi-me concedido automaticamente (estava já ultrapassada a fase em que eram os próprios militares quem decidia se nós éramos, ou não, verdadeiros objectores). Por incapacidade burocrática do próprio Estado, acabei por não realizar o serviço cívico que, na altura, a lei previa. Não me conseguiram arranjar nenhuma colocação nem me autorizaram, apesar da minha expressa disponibilidade para o efeito, a encontrar pelos meus próprios meios, instituições onde pudesse prestá-lo.
Em relação ao SMO, é na verdade uma vergonha que tenha sido a direita (pouco importa qual) que tenha acabado com ele.
É uma questão de princípio e de direitos humanos. Posso até estar disposto a fazer muitos sacrifícios pelo país. Não aceitarei nunca que o Estado me obrigue a matar.
Anónimo disse…
"Posso até estar disposto a fazer muitos sacrifícios pelo país. Não aceitarei nunca que o Estado me obrigue a matar."

Muito bem dito!
Anónimo disse…
Anonymous said...
"Posso até estar disposto a fazer muitos sacrifícios pelo país. Não aceitarei nunca que o Estado me obrigue a matar."

RE: Tenho imenso respeito pelos pacifistas mas não confunda a defesa da democracia com a guerra colonial, a legítima defesa com a agresão e o símbolo da soberania (FA) com uma máquina de extermínio.
el s (pc) disse…
Matar, é matar... ...matar para defesa do país não é legítima defesa do próprio, é defesa do país e é matar outro ser humano.

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