A tragédia iraquiana
Os comissários políticos de Bush, em Portugal, vociferaram contra Zapatero quando este, cumprindo a promessa eleitoral, retirou as forças que Aznar atolou no Iraque.
A memória é curta e poucos se lembram da campanha de Aznar contra a alegada falta de sentido de Estado do seu sucessor e da vergonha que era para a Espanha não participar na aventura épica sobre o Eixo do Mal.
Nem a mentira, que sabia sê-lo e serviu de pretexto à aventura, refreou o ânimo de Aznar, paladino da democracia no Médio Oriente, não obstante a ausência de entusiasmo no seu percurso cívico.
Ora, os EUA e os seus descarados cúmplices aparecem hoje, aos olhos do mundo, como meros abutres em voo picado sobre 11% das reservas mundiais do petróleo, sedeadas no Iraque, ávidos de controlar 2/3 das jazidas totais que se situam no Médio Oriente.
Não se aguentando os agressores, exigem que se rendam os agredidos. Tendo fracassado na imposição da democracia – último objectivo invocado –, ameaçam agora de sanções, se a violência que atearam e não controlam, não for debelada pelo Governo legítimo que está em funções no Iraque.
Mas a suprema ironia reside no Relatório Backer, que Bush já prometeu levar em conta, preconizando o diálogo directo com o Irão, isto é, negociações com os representantes do Eixo do Mal, com os mais terroristas daqueles com quem jamais se negoceia e apenas se devem exterminar.
Não sei como se sentirão os comissários políticos portugueses de Bush, Luís Delgado e José Manuel Fernandes, depois de terem crucificado Mário Soares, a quem a sabedoria sugeriu soluções que feriam a lógica belicista e antecipou três anos as recomendações de Baker, quando os EUA se vêem obrigados a dialogar com o Irão e a Síria.
Perdida a honra e a guerra é preciso salvar o maior número de soldados do atoleiro. Dá-se o dito por não dito para fugir o mais depressa possível. E ainda há quem tente justificar os falcões que, sob a égide de Bush, fomentaram a mais desastrada guerra, que fragilizou os países democráticos e civilizados.
Afinal, o tribalismo também existe nos países mais desenvolvidos, sob a forma de grupos detentores de empresas de armamento e de refinação de crude. Os sobas dos EUA, apesar de terem frequentado boas Universidade, vítimas do apelo étnico dos grandes tubarões financeiros, regressam ao estado primitivo e tornam-se trogloditas.
Finalmente, desonrados e desnorteados, os falcões americanos vêem nas propostas que combateram e apelidaram de traição, o único buraco por onde, como ratos, se podem esgueirar.
A memória é curta e poucos se lembram da campanha de Aznar contra a alegada falta de sentido de Estado do seu sucessor e da vergonha que era para a Espanha não participar na aventura épica sobre o Eixo do Mal.
Nem a mentira, que sabia sê-lo e serviu de pretexto à aventura, refreou o ânimo de Aznar, paladino da democracia no Médio Oriente, não obstante a ausência de entusiasmo no seu percurso cívico.
Ora, os EUA e os seus descarados cúmplices aparecem hoje, aos olhos do mundo, como meros abutres em voo picado sobre 11% das reservas mundiais do petróleo, sedeadas no Iraque, ávidos de controlar 2/3 das jazidas totais que se situam no Médio Oriente.
Não se aguentando os agressores, exigem que se rendam os agredidos. Tendo fracassado na imposição da democracia – último objectivo invocado –, ameaçam agora de sanções, se a violência que atearam e não controlam, não for debelada pelo Governo legítimo que está em funções no Iraque.
Mas a suprema ironia reside no Relatório Backer, que Bush já prometeu levar em conta, preconizando o diálogo directo com o Irão, isto é, negociações com os representantes do Eixo do Mal, com os mais terroristas daqueles com quem jamais se negoceia e apenas se devem exterminar.
Não sei como se sentirão os comissários políticos portugueses de Bush, Luís Delgado e José Manuel Fernandes, depois de terem crucificado Mário Soares, a quem a sabedoria sugeriu soluções que feriam a lógica belicista e antecipou três anos as recomendações de Baker, quando os EUA se vêem obrigados a dialogar com o Irão e a Síria.
Perdida a honra e a guerra é preciso salvar o maior número de soldados do atoleiro. Dá-se o dito por não dito para fugir o mais depressa possível. E ainda há quem tente justificar os falcões que, sob a égide de Bush, fomentaram a mais desastrada guerra, que fragilizou os países democráticos e civilizados.
Afinal, o tribalismo também existe nos países mais desenvolvidos, sob a forma de grupos detentores de empresas de armamento e de refinação de crude. Os sobas dos EUA, apesar de terem frequentado boas Universidade, vítimas do apelo étnico dos grandes tubarões financeiros, regressam ao estado primitivo e tornam-se trogloditas.
Finalmente, desonrados e desnorteados, os falcões americanos vêem nas propostas que combateram e apelidaram de traição, o único buraco por onde, como ratos, se podem esgueirar.
Comentários
tal como o rapaz de Bruxelas,
acabam por não sentir nada.
LD ganha tanto como um general, JMD ganha mais, DB mais acima.
E todos bem com a sua consciência, se é que a têm.
Que seria das suas auto estimas, se soubessem reconhecer o erro?
CE:
É melhor ser cauteloso e não acreditar em "travestismos políticos" súbitos.
Estas inflexões são sempre tácticas.
Visam proteger por mais algum tempo (o possível) quer o lobby militar, quer o lobby petrolífero, "bengalas de apoio" do Partido Republicano americano.
Um "falcão" não se transforma em "pomba" num ápice. Só por truque de ilusionismo.
Espectáculo em sintonia com o espirito da época natalícia.
Mais nada.