A reunião do Conselho de Estado e o Comunicado
O Presidente da República presidiu na segunda-feira à
reunião do Conselho de Estado, tendo como ordem de trabalhos o tema
“Perspetivas da Economia Portuguesa no Pós-Troika, no Quadro de uma União
Económica e Monetária Efetiva e Aprofundada”.
O comunicado
emitido é tão pobre na forma e medíocre na substância que não merece a
leitura. A reunião anunciada na televisão por Marques Mendes, com larga antecedência,
e comunicada aos conselheiros por email, ignorou o feriado da Região Autónoma
dos Açores cujo presidente é conselheiro por inerência e que, por isso, não pôde
assistir.
Faltou um astrólogo para prever quando colapsa a economia
portuguesa e se a Troika se torna desnecessária na data prevista, mas, pelo
rumo de Portugal e da própria Europa, o mais difícil é prever a data do
naufrágio e, como no Titanic, quem são os sobreviventes.
A notícia de que alguns conselheiros pediram a demissão do
atual Governo foi omitida no comunicado e sobre as matérias de maior interesse,
tal como em relação a perguntas feitas à P.R., o mutismo é absoluto e só é quebrado
pelo titular do cargo para enaltecer a ajuda da Senhora de Fátima que, nesta reunião,
parece ter estado ausente.
A única e clara conclusão que um cidadão, sem acesso a
fontes privilegiadas, pode tirar é que este Governo só cairá pela mão de Paulo
Portas quando os interesses eleitorais do CDS o permitirem.
O PR está refém de Paulo Portas e prolongará a agonia do seu
Governo nem que, para isso, tenho de redobrar as orações e ir a pé a Fátima.
Portugal pode esperar.
Salvou-se o conclave pela lição que o presidente do Tribunal
Constitucional deu ao líder nominal do Governo, designado Constitucional,
quanto ao valor da CRP sobre as outras leis. Adivinha-se ainda que a verticalidade
de vários Conselheiros impediu que a moção de censura ao Governo se
transformasse, no comunicado, em manifestação de apoio a quem governa com igual
respeito pelos portugueses e pela Constituição.
A saída do pântano passaria pela dissolução imediata da A.R.
e a marcação simultânea de eleições legislativas e presidenciais, com o PR,
depois de cumpridas as formalidades legais, a apresentar a sua renúncia. O
interesse de Portugal exige o sacrifício pessoal dos que foram eleitos para
encontrar soluções e, por inépcia, só agravaram os problemas.
A substituição do PR, do PM e da atual maioria não é só uma
exigência ética e política, é já um caso de salubridade pública.
Ponte Europa / Sorumbático
Comentários
Segundo essa notícia, Cavaco Silva, pretendia realçar falsos consensos, se acaso o ex-Presidente Jorge Sampaio não tivesse vindo a terreiro...
A dignidade parece não morar em Belém.