O admirável país dos malucos perigosos


Há dias, um indivíduo de rudimentar cultura e modesta instrução veio à RTP anunciar, vestido de primeiro-ministro, as malfeitorias de que é capaz e as ameaças que pairam sobre os portugueses. Era o porta-voz de Vítor Gaspar, ministro de Estado e de quase tudo, o que se gabou de não ter sido eleito, num acesso de raiva contra a democracia.

Parafraseando alguém, o porta-voz do referido ministro era o Pide Mau. O português era medíocre, as ideias confusas e as ameaças reais. A miséria seguiria dentro de momentos com mais intensidade e 30 mil funcionários públicos em pânico.

Dois dias depois, com mais habilitações e num português que não o envergonha, vieram as explicações e as desculpas de quem manda no resto do Governo de Vítor Gaspar. Era o Pide Bom, ainda que a inteligência e a cultura não fossem suficientes para disfarçar a cumplicidade com o Governo e a traição ao maior partido da coligação. Apostrofou  o aliado, como se de um adversário se tratasse, e desmentiu a idiotice de passar a idade da reforma para os 67 anos, ficando apenas nos 66. Com ele apenas se alterará o horário da função pública para as 40 horas semanais e a taxa da ADSE em mais 1%.

O Pide Bom ainda tranquilizou os portugueses que conseguirem manter-se empregados. Não tenham medo de que lhe tirem 4.800 milhões de euros porque pode ser apenas os 4  mil milhões. Basta que o ministro Gaspar acerte pela primeira vez as previsões.

Barricado no refúgio de Belém, o padrinho deste Governo despachou a amantíssima esposa à procissão da Senhora da Saúde, como sempre fez, desde 2006, a agradecer o milagre que o conduziu ao cargo.

A Pátria sofre e, na cúpula do poder, urde-se a cópula que nos desgraça.

Comentários

O Portas é um equilibrista que, estando no governo e sendo por isso tão responsável como os outros ministros pelas medidas que este toma, finge desvincular-se das mais gravosas. Mas o mais triste é que há quem se deixe enganar com esta conversa!

Apesar de toda a sua esperteza, não deixou porém de desmascarar a tática que o governo arranjou para tentar conseguir o tão desejado "consenso": tem um conjunto de medidas que quer realmente impor; a estas junta mais duas ou três de que não faz questão, e das quais se dispõe a abdicar em eventual discussão com outros partidos ou parceiros sociais, fingindo assim que "negoceia".
Deve ter aprendido esta maneira de "negociar" com os vendedores de burros nas feiras que tanto gosta de visitar!

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