Notas soltas – abril de 2013


Espanha – A conduta real, as amizades suspeitas e a eventual conivência da filha no desvio de fundos, fraude, tráfico de influência, infrações fiscais e possível lavagem de dinheiro, de que o marido é arguido, são ajudas valiosas para a restauração da República.

Sindicalismo – João Proença foi o Passos Coelho da UGT. Ao propor a subida do salário mínimo para 500 €, à custa da Segurança Social (redução da TSU), mostrou inépcia e deu um golpe na abalada credibilidade da central sindical que dirige.

Natalidade – O ministro Mota Soares anunciou que «o Governo quer criar part-times para que haja tempo de ‘fazer filhos’. Com a precariedade e o brutal desemprego, a travarem a natalidade, é néscia a ideia e provocatória a intenção.

Tribunal Constitucional – As decisões são passíveis de discussão pelos cidadãos mas só a falta de cultura democrática leva um PM a criticá-las, ignorando que são as leis que devem adequar-se à CRP e não o contrário.

OE 2013 – A reincidência na inconstitucionalidade torna ilegítimo o Governo e a chantagem feita sobre os portugueses com 1,3 mil milhões de euros é o álibi que esconde a derrapagem orçamental, três vezes superior, depois da espoliação fiscal exercida.

Miguel Relvas – Na demissão, pungente, disse que levou dois anos a arranjar um líder para o PSD e mais 1 para o colocar no poder. Não disse que, além do cargo, o PM lhe devia o patrocínio dos negócios da Tecnoforma, um caso de polícia.

Margaret Thatcher – A morte de quem via em Pinochet um patriota e em Mandela um terrorista, foi usada para incensar a sua governação que, com Reagan, deu origem ao neoliberalismo que desfez a coesão e a democracia social, substituídas pelo primado monetarista e pela economia de casino.

Remodelação – A troca de Miguel Relvas por dois ministros, com a acintosa ausência de Paulo Portas, não credibilizou o Governo. Há mais um ministro na comissão liquidatária, sem vantagem para a estabilidade e eficácia da governação.
 
Venezuela – A vitória de Nicolás Maduro é a homenagem de um povo órfão a Hugo Chávez, normal na América Latina e exacerbada pelo enorme carisma do defunto presidente, mas a vitória escassa compromete a estabilidade e o progresso do país.

PS  - A recondução de António José Seguro à frente do PS, apesar da dimensão da vitória e de ser a esperança para substituir este Governo, não despertou o entusiasmo e a mobilização necessários para um novo rumo e um projeto diferente.

SLN – Enquanto o País sofre a mais dramática crise de sempre, os ex-sócios, culpadas da maior burla da nossa história – o caso BPN –, cederam as dívidas aos Estado e continuam os negócios sob um nome diferente – a Galilei. E ninguém é preso!

PR – Na inauguração do pavilhão português da Feira do Livro de Bogotá, o seu discurso provocou mal-estar. A omissão do nome de José Saramago, o único Nobel da literatura portuguesa, foi vista como vingança contra o escritor que levou o nome de Portugal a todo o mundo.

UGT – João Proença saiu com a imagem ferida pela crise e pelo pragmatismo. O futuro dirá o que melhor serve o sindicalismo: a negociação, que a CGTP chama traição, ou o combate, que a UGT considera aventureirismo. Carlos Silva é o novo líder.

PS – A celebração do 40.º aniversário foi a festa de um partido que não precisou da queda da ditadura para se assumir. O país espera que saiba encontrar os melhores para governar Portugal quando as eleições decidirem o seu regresso ao poder.

Associação 25 de Abril – À semelhança do ano anterior, recusou a presença na AR com o argumento de que os valores de Abril foram exonerados da prática deste Governo e da maioria que o sustenta. É difícil negar a razão que lhe assiste.

Governo – A rotação de secretários de Estado, atingidos por escândalos, tornou-se tão frequente que a tomada de posse se reduziu a uma espécie de funeral donde saem todos antes de enterrado o defunto. Efeitos da remodelação permanente.

25 de Abril – A homenagem à mais bela de todas as madrugadas e ao mais doce amanhecer da nossa História, é uma saudação aos capitães de Abril e um aviso aos que se preparam para esvaziar todas as promessas de que a data foi portadora.

Congresso do PS – A aparente unidade diz mais sobre a proximidade do poder que se avizinha do que sobre a reconciliação interna, mas nada pode ser pior do que esta maioria, este Governo e este PR.

Ministro das Finanças – O desprezo pela Constituição e o reincidente desafio ao Tribunal Constitucional foram o maior fator de desagregação do Governo, perante um PM impreparado e um PR que esbanjou a autoridade no combate à oposição.

Islândia – Os partidos culpados da crise e falência dos bancos, acusados de terem arruinado o país, voltaram ao poder com os votos dos que tão severamente os puniram. A memória dos eleitores é sempre curta e os heróis de hoje serão os vilões do futuro.

Islão – Um pai afegão executa a própria filha, em público, por adultério. A Amnistia Internacional denuncia a "violência endémica" contra as mulheres no Afeganistão e a indiferença das autoridades. O Islão é pacífico?

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