Independentes e irrevogáveis
Há palavras cujo significado nunca apreenderei: irrevogável e independente, a primeira por motivos óbvios e a segunda por razões menos transparentes.
Conheço dezenas de cidadãos independentes que fizeram carreiras políticas em elevados cargos de nomeação partidária, que atingiram o cume das carreiras à sombra de partidos políticos e se reformaram em cargos de confiança pessoal ou partidária, e surgem agora como independentes, sem se saber de quê ou de quem. Se não é o desemprego político a motivá-los, gabo-lhes a disponibilidade cívica e o arrojo político para preencherem um espaço de contornos indefinidos e resultados incertos.
É tão legítimo aderir a um partido como recusar a pertença, mas é menos transparente ir a votos sem exibir o currículo, sem definir opções políticas e sem se saber se concorre a favor de uma ideologia ou contra um partido e se o move a ambição ou o ressentimento.
Fui dos que votei no PRD, há muitos anos, convencido do comportamento impoluto de Eanes e movido pela vontade de, não sendo comunista, votar à esquerda do PS. Assisti à erosão do partido e à deslocação de notáveis, diretamente para o PSD. Fiquei vacinado.
Nas últimas eleições presidenciais apareceu um honesto independente que apoiou para Lisboa António Costa, Fernando Seara para Sintra, alguém do BE para outro lado e cuja candidatura à presidência da República foi anunciada pela Causa Monárquica. Era um médico, dirigente da AMI, que se mancomunou com Passos Coelho para presidir à AR. Chamou-se em vida – política, naturalmente –, Fernando Nobre, um nome que a higiene aconselhou afastar do Parlamento e do espaço público.
Tanto podem ser altos valores da cidadania a nortear independentes, que nascem como cogumelos em noites húmidas, como reprimidas ambições mediáticas ou irreprimíveis seduções pelo poder.
As minhas suspeições não me impedem de votar num dos três partidos, PCP, PS e BE, exatamente naquele cujas sondagens derem como o que tiver possibilidade de eleger o último vereador. Saberei descobrir cada um desses partidos sob o pseudónimo que cada um decida para concorrer.
Conheço dezenas de cidadãos independentes que fizeram carreiras políticas em elevados cargos de nomeação partidária, que atingiram o cume das carreiras à sombra de partidos políticos e se reformaram em cargos de confiança pessoal ou partidária, e surgem agora como independentes, sem se saber de quê ou de quem. Se não é o desemprego político a motivá-los, gabo-lhes a disponibilidade cívica e o arrojo político para preencherem um espaço de contornos indefinidos e resultados incertos.
É tão legítimo aderir a um partido como recusar a pertença, mas é menos transparente ir a votos sem exibir o currículo, sem definir opções políticas e sem se saber se concorre a favor de uma ideologia ou contra um partido e se o move a ambição ou o ressentimento.
Fui dos que votei no PRD, há muitos anos, convencido do comportamento impoluto de Eanes e movido pela vontade de, não sendo comunista, votar à esquerda do PS. Assisti à erosão do partido e à deslocação de notáveis, diretamente para o PSD. Fiquei vacinado.
Nas últimas eleições presidenciais apareceu um honesto independente que apoiou para Lisboa António Costa, Fernando Seara para Sintra, alguém do BE para outro lado e cuja candidatura à presidência da República foi anunciada pela Causa Monárquica. Era um médico, dirigente da AMI, que se mancomunou com Passos Coelho para presidir à AR. Chamou-se em vida – política, naturalmente –, Fernando Nobre, um nome que a higiene aconselhou afastar do Parlamento e do espaço público.
Tanto podem ser altos valores da cidadania a nortear independentes, que nascem como cogumelos em noites húmidas, como reprimidas ambições mediáticas ou irreprimíveis seduções pelo poder.
As minhas suspeições não me impedem de votar num dos três partidos, PCP, PS e BE, exatamente naquele cujas sondagens derem como o que tiver possibilidade de eleger o último vereador. Saberei descobrir cada um desses partidos sob o pseudónimo que cada um decida para concorrer.
Comentários
Com tal pensar viverá sempre a ser enganado tal como foi pelos regeneradores a começar pelo íntegro Eanes. A integridade é possível sob qualquer ideologia, mas a maioria são cata ventos, ou melhor, são cata-tachos como o ami. Eu também creio que os eleitores de Oeiras são mui letrados e íntegros e no entanto votam em isaltino corrupto.
Assim, desse modo, vota sempre em "pessoas" e ao contrário do que muita gente pensa, neste caso está sujeito a maior probabilidade de erro: é que as pessoas são sempre mais volúveis que os partidos, mudam de natureza ideológica muito mais facilmente que os partidos, mudam de natureza ideológica facilmente face aos interesses.
No "partido" também pode acontecer a subversão(ver psd actual)mas a inércia é enorme num partido ideologicamente estruturado devido a forças internas resistentes à mudança radical(ver também psd actual).
Já li, na blogosfera, muita gente a queixar-se desse mal de "votar no programa" ou votar em "tal tipo", ou "naquela ideia bestial", ou seja em coisas que estão soltas no papel, ou na cabeça, desligadas de uma estruturada filosofia ideológica-social, depois é a total desilusão.
Para uma Junta de Fregusia ainda vá, mesmo assim as desilusões são mais que os sucessos.
O que propõe para eu não ser enganado?