António Barreto – o oportunista lusitano
Para António Barreto, António Costa pode perder o partido, ao estar a unir-se a partidos comunistas. "O PS é geneticamente anticomunista e deixar de ser anticomunista e passar a ser amigo ou aliado do comunismo, do Bloco de Esquerda ou do Livre põe problemas seríssimos”, diz ao Dinheiro Vivo.
António Barreto (AB), sociólogo competente, fotógrafo experiente e ex-empregado de um merceeiro, com sede na Holanda, não está preocupado com o PS mas com a direita. Sem o mínimo pudor, esqueceu o apoio expresso a José Sá Fernandes, aliás excelente candidato, nas eleições para a Câmara de Lisboa, quando este, há anos, concorreu pelo Bloco de Esquerda.
Que o sociólogo e político ressentido use o seu prestígio para combater as ideias que já foram suas não é motivo de admiração. AB, apesar da cultura, mantém-se o provinciano que Mário Soares fez ministro da Agricultura e Pescas, com vergonha de ser de direita e sôfrego de tornar-se seu ideólogo como, em tempos, quis ser o do PS.
Barreto foi um dos trânsfugas que permitiram a Sá Carneiro ornamentar a AD (Aliança Democrática) com penas de esquerda. Desde aí nunca mais o abandonou a sedução pela direita. Tem sido tão antissocialista como foi anticomunista na medíocre passagem pelo Governo numa pasta onde caiu como Pilatos no Credo e onde os seus despachos eram revogados pelos Tribunais dado o empenho ideológico com que desafiava as leis então vigentes.
A grande diabrura do omnipresente comentador televisivo foi o alvitre de uma nova Constituição para Portugal, que dispensasse a democracia representativa e fosse votada por referendo. O que parece uma ideia original, felizmente ignorada pela comunicação social e pelos portugueses, o que prova que o País ainda não ensandeceu de todo, seria a reedição do método salazarista para a Constituição Política de 1933. Só não disse – porque isso ficaria para a ampla discussão popular que preconizava –, se as abstenções voltariam a contar como votos a favor.
Faz pena ver um intelectual de sólida cultura com posições tão reacionárias mas, sempre que a direita está aflita, António Barreto vem em seu socorro. E, quanto à coerência, é a Zita Seabra do PS. Demonstrou-o ontem, mais uma vez, na entrevista ao DN.
António Barreto (AB), sociólogo competente, fotógrafo experiente e ex-empregado de um merceeiro, com sede na Holanda, não está preocupado com o PS mas com a direita. Sem o mínimo pudor, esqueceu o apoio expresso a José Sá Fernandes, aliás excelente candidato, nas eleições para a Câmara de Lisboa, quando este, há anos, concorreu pelo Bloco de Esquerda.
Que o sociólogo e político ressentido use o seu prestígio para combater as ideias que já foram suas não é motivo de admiração. AB, apesar da cultura, mantém-se o provinciano que Mário Soares fez ministro da Agricultura e Pescas, com vergonha de ser de direita e sôfrego de tornar-se seu ideólogo como, em tempos, quis ser o do PS.
Barreto foi um dos trânsfugas que permitiram a Sá Carneiro ornamentar a AD (Aliança Democrática) com penas de esquerda. Desde aí nunca mais o abandonou a sedução pela direita. Tem sido tão antissocialista como foi anticomunista na medíocre passagem pelo Governo numa pasta onde caiu como Pilatos no Credo e onde os seus despachos eram revogados pelos Tribunais dado o empenho ideológico com que desafiava as leis então vigentes.
A grande diabrura do omnipresente comentador televisivo foi o alvitre de uma nova Constituição para Portugal, que dispensasse a democracia representativa e fosse votada por referendo. O que parece uma ideia original, felizmente ignorada pela comunicação social e pelos portugueses, o que prova que o País ainda não ensandeceu de todo, seria a reedição do método salazarista para a Constituição Política de 1933. Só não disse – porque isso ficaria para a ampla discussão popular que preconizava –, se as abstenções voltariam a contar como votos a favor.
Faz pena ver um intelectual de sólida cultura com posições tão reacionárias mas, sempre que a direita está aflita, António Barreto vem em seu socorro. E, quanto à coerência, é a Zita Seabra do PS. Demonstrou-o ontem, mais uma vez, na entrevista ao DN.
Comentários
Mais do que um singular e recidivante percurso que começa longiquamente no PCP, passa ao de leve pelo PS nos tempos do PREC, para acabar nos braços da direita conservadora ou ultra, existe o culto de uma falsa independência acantonada em méritos académicos (são uns ‘estudiosos’) ou no conforto do estatuto de ‘respeitado’ comentador.
O grave é esta falsa independência e a pretensiosa tentativa de pairar sobre o pântano. Certo que os partidos não esgotam a actividade e a intervenção política dos cidadãos, mas eles nasceram de óbvias opções ideológicas. Uma coisa é a prática partidária e outra será o conforto do pragmatismo, ideologicamente vazio e pretensioso. Quando um comentador acede a um orgão de comunicação social muitas vezes é feito um esboço de resumo curricular onde se referencia o trajecto partidário passado ou presente mas nunca existe qualquer referência às actuais opções ideológicas que obviamente não se quedam amarradas ao trajecto efectuado. É neste limbo que nascem e proliferam os inefáveis ‘pensadores’ de que A. Barreto é um paradigmático exemplo mas não o único. A opinião de um sociológo será importante para a análise do comportamento da sociedade mas a verdade é que não basta a qualificação técnica ou científica do analisador. Não é igual, nem processual metodologicamente será semelhante a perspectiva da análise perante factos concretos ou mesmo de marcados períodos históricos.
A análise de um político de Direita, do Centro ou de Esquerda (para usar uma trilogia sistematizadora) não é coincidente, nem será útil que o seja. Mas estes profissionais do comentário político tentam pairar acima de ‘classificações’ que na sua abundante retórica consideram como ‘redutoras’. A sua pretensa indepêndencia choca frontalmente com o conceito de cidadania informada. Na verdade, os galhardoados cientistas/investigadores/comentadores encerrados nas suas ‘torres de marfim’ representam uma confrangedora desvinculação do quotidiano, um estadio obnibulado por pesquisas académicas circunscritas ou, ainda, uma metodologia elitista de análise que – sejamos directos - não serve a coisa pública.
Voltando ao caso específico de António Barreto será difícil esquecer a contradição entre a análise política do actual PS e a sua concepção de ‘Bloco Central’
Disse, em 2013, na Universidade de Verão do PSD: "A democracia portuguesa viveu graças a três ou quatro grandes fatores, vamos-lhe chamar os pilares da democracia, um deles foi um certo e relativo consenso político entre dois grandes partidos e mais um ou dois pequenos e fez-se uma Constituição" link. Resumindo, durante o seu mais recente comentário político em forma de entrevista link A. Barreto deveria relembrar aos que o lêem que não é um observador isento e independente dos fenómenos políticos e sociais que ocorrem presentemente no País, mas um lídimo defensor do Bloco Central que considera um garante (pilar) do regime. E esta pequena informação não é – como o próprio sabe – despicienda. Até porque o comentador tem presente a sua obstinada e pública defesa (comemorações do 10 de Junho de 2011 link) de que esse ‘bloco central’ seria o instrumento necessário para mudar o regime, através de um ‘terramoto constitucional’ e, deste modo, escancarado portas para o ‘golpe de ajustamento’ ao 25 de Abril (um velho sonho da Direita).