Uma convulsiva (e compulsiva) ‘estragação’…
Adensam-se os ‘mistérios’ que inquinam a vida económica e
financeira do País.
São casos a mais onde a história aparece e termina sempre como ‘mal
contada’. É o caso de um Banco desconjuntado num inusitado maniqueísmo (Bom e
Mau) e mais recentemente a PT, liminarmente, convertida num veículo de
financiamento da Oi (empresa estrangeira) perdendo toda a identidade.
Os ‘mistérios’ já vinham de longe tendo a ‘saga privatizadora’
(da EDP, da REN, da ANA, dos Correios, etc.), aparentemente justificada pelo
‘Memorando de Entendimento’, resultando em avulsas cedências aos apetites do
‘mercado internacional’ envoltas em nebulosas intermediações de empresas
financeiras e sociedades de advogados através de ajustes directos ou de
perdulárias exposições em bolsa infestadas de conflitos de interesses e por informações
privilegiadas.
Não há qualquer fio condutor, ou seja, o mínimo resquício de
estratégia sobre o que se está (e não está) a passar.
Na neblina gerada por este caos ainda estão pendentes
alienações de outras empresas públicas como a TAP, as águas, os resíduos e os
transportes.
A volúpia de destruição apossou-se deste Governo. Tornou-se
impossível circunscrever toda esta cascata a procedimentos ‘pragmáticos’ para
esconder opções ideológicas. Quando este Governo terminar o seu mandato não
restará pedra sobre pedra. O Estado não foi sujeito a uma dieta de
emagrecimento para o despojar de intrínsecas ‘gorduras’. Acabará exausto nas suas funções e espoliado de quase todos os seus
instrumentos de acção económica e financeira – realmente - capazes de regular
os mercados. Restará um aparelho burocrático informe e incapaz de exercer as
suas atribuições básicas, nomeadamente, as sociais. Esta a proclamada
‘reestruturação económica e financeira’. Esta a tragédia que se avizinha.
Tudo isto a propósito de uma declaração de Belmiro de
Azevedo ao DN sobre a PT e a demissão de Zeinal Bava da Oi link. Ficamos a saber - nas entrelinhas - que as
‘manobras’ já vêm de longe. Belmiro foi ‘lixado’ por uma golden share que a UE
se apressou a remover em nome da transparência dos mercados, depois a PT sofreu
o ataque da espanhola Telefónica, posteriormente supridos por rocambolescas
variações sobre o tema lusofonia (Vivo e Oi), para acabar – segundo tudo indica
- numa expedita aquisição da empresa francesa Altice. Acresce – e ainda dentro
do contexto da lusofonia – que a PT prepara a entrega da sua participação em Angola
(Africatel e Unitel) a Isabel dos Santos.
Pelo meio está sempre presente uma
imagem de ‘sucesso’ que virou pesadelo: BES/GES.
Demasiado mau para ser verdade. Demasiado incompetente para
endossar exclusivamente as culpas à voracidade dos “mercados”. Demasiado viscoso para ser engolido. Enfim, nauseabundo.
O ‘desbarato’ é um produto de difícil aceitação no contexto
atávico nacional.
Já houve tempo em que as camuflagens, as manhas e os
enfeites retóricos davam resultado e divertiam o ‘pagode’.
Agora, só conseguem aprofundar uma progressiva
indignação, por enquanto, silenciosa…
Comentários