Boa tarde, camaradas
Foi no Cais de Alcântara, com as lágrimas e a raiva dos que ficaram e dos que partimos, que começaram a forjar-se os laços que tornariam os homens de Malapísia e do Catur a família que fomos e seremos enquanto a vida nos deixar. Hoje, estes almoços deixariam de ter sentido se os homens que integraram as duas Companhias do Bcaç. 1936 viessem a separar-se. Seria uma família desavinda num tempo em que tudo serve para desunir o que a história e os afetos ligaram. Não sucederá.
Saúdo as famílias dos que se estão nesse almoço, dos que não puderam ir e, sobretudo, a dos que já não voltam. Agradeço a dedicação do Barros, do Torres e do Lopes que, ano após ano, tornam possível a repetição deste convívio anual.
A minha falta é mínima para quem tem tantos companheiros à sua volta, mas, para mim, é enorme, porque todos me faltais. E à falta insuperável da vossa presença, dos braços que cada ano me abraçaram, dos sorrisos de alegria que me acolheram, sinto convosco a dor dos que nos deixaram, dos que todos os anos vieram enquanto viveram.
Para esses vai a minha eterna saudade. Omito-lhes os nomes mas jamais os esquecerei. Guardo comigo a lembrança dos bons e maus momentos vividos em Malapísia e no Catur e os excelentes momentos de todos os reencontros anuais.
Prometo que este será o último dos anos que ainda tiver em que não estou fisicamente convosco. De resto, foi em vós que pensei durante a noite e sois vós que preencheis os meus pensamentos no dia de hoje. Só quem viveu o que nós vivemos e sofreu o que nós sofremos, compreende a dimensão desta saudade que hoje me persegue.
Para vós, queridos amigos e camaradas, para as vossas famílias, para essa minha família alargada, vai o mais caloroso abraço, a mais viva recordação e a enorme mágoa que sinto da vossa ausência.
Até para o ano!
Carlos Esperança
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