3 X 9 = 27.º Congresso do CDS

Nascida no dia de S. Venceslau, na cidade de São Paulo de Nossa Senhora da Assunção de Luanda, e no dia do fracassado golpe contrarrevolucionário spinolista contra o 25 de Abril, guarda no nome a santidade do topónimo onde nasceu e, no espírito, a fantasia da alegada maioria silenciosa, derrotada, em Portugal, no dia do seu nascimento.

A azougada líder CDS, a hesitar entre o estilo miguelista e o de estadista, ora chamando mentiroso ao primeiro-ministro, ora mantendo a compostura civilizada, usou o vazio do poder no PSD até a chegada de Rui Rio. Este, com aura de honestidade e competência, e que não assinaria a resolução do BES, ignorando o que significava e as consequências, põe em causa a sua ambição.

Enquanto o PSD andou a reboque do ressabiado Passos Coelho, convencido de que era ainda PM, e, depois, graças à luta interna e à desorientação da comunicação social afeta ao PSD, a líder do CDS sonhou voos que nem o seu antecessor, mais preparado, ousou.

A Dr.ª Assunção andou por canais televisivos, emissoras de rádio, feiras, praias, jornais, revistas e romarias, sem concorrência, e, como a rã da fábula, quis ser boi, pensando que a vitória sobre o PSD, nas eleições municipais de Lisboa, era um barómetro do País.

A liderança da direita civilizada e europeia, tarefa de que Passos Coelho era incapaz por inépcia e formação, está ainda menos ao alcance de Assunção Cristas, que não define a ideologia do seu partido, se acaso a tem, assumindo a opção do liberalismo que derrotou o Governo que integrou ou a democrata-cristã, que desapareceu com a morte de Amaro da Costa e o afastamento de Freitas do Amaral.

Deslumbrada com o vedetismo, a chegada de Rui Rio à liderança do PSD, com cuidada formação académica e experiência política fora das madrassas da JSD, fê-la ver que está condenada a muleta do maior partido da direita, agora com rosto humano e ar civilizado.

Pode continuar o frenesim mediático, dizer uma coisa e o seu contrário, apresentar «18 medidas para salvar o SNS», como se o País ignorasse que o CDS votou, assim como o PSD, contra a sua criação. É difícil exibir os adversários do SNS como seus salvadores.

Assunção Cristas, que se declara católica praticante, julgando que é da catequista que o País precisa, à medida que a comunicação social regressa à defesa do PSD, vai perdendo a fé e confessa-se a’ O Diabo: “naturalmente, trabalhamos para ser a primeira escolha dos eleitores”, sabendo que leva o CDS de regresso ao 5.º lugar nas próximas eleições.

Por mais que grite que o seu combate é contra o que designa por Governo das esquerdas unidas, é ao PSD que disputará os votos que a salvem de ser substituída por Nuno Melo.

No próximo fim-de-semana, em Lamego, o seu segundo Congresso será pacífico, com a moção ‘CDS – Um passo à frente’, a recordar Lenine na resposta a Rosa Luxemburgo, ‘Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás’, na certeza de que não há Kautsky que recuse publicar-lhe a moção. Em relação a Lenine, só o desejo de liderança a une.

Vade retro, Assunção!

Ponte Europa / Sorumbático


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