Notas Soltas – março/2018


Passos Coelho – A atribuição do grau de “professor catedrático convidado” do ISCSP é um ato de nepotismo do seu diretor, Manuel Meirinho, deputado independente do PSD (2011), por convite pessoal do ora docente de mestrados e doutoramentos.

Itália – A vertigem suicida do eleitorado torna ingovernável um país que já esqueceu a tragédia fascista de Mussolini e proporciona o deplorável aparecimento de demagogos e populistas, o que se agrava em cada nova consulta eleitoral. Mais um problema na UE.

Alemanha – O único governo possível, com um módico de salubridade e preocupações sociais, vai deixar à solta, na oposição, os partidos que recordam a provação da guerra de 1939/45 só para branquear o nazismo e fazer dos combatentes heróis.

Dia da Mulher – A igualdade de género é a exigência civilizacional que, fazendo parte dos Direitos Humanos, devia ser universal. No entanto, 600 milhões de mulheres vivem em países onde a violência contra elas não é sequer considerada crime.

CTT – Quando, face ao péssimo serviço prestado, alguém pergunta hoje quando é que o Estado põe termo a tal desmando, devia interrogar-se porque permitiram os portugueses a privatização de tão importante serviço público.

27.º Congresso do CDS – A Dr.ª Assunção Cristas afirmou que desejava que o CDS se afirmasse «como partido de todos». Portugal já teve, na ditadura, um “partido de todos”, a ANP (ex-UN). Foi o 25 de Abril que pôs termo à longa provação do partido único.

Lusoponte – Desde 1995, data do contrato da construção da ponte Vasco da Gama e da cobrança das portagens com as da ponte 25 de Abril, negociado por Ferreira do Amaral e Eduardo Catroga, cobrou até 2012 o dobro do valor investido. E só termina em 2030!

China – A passagem da ditadura coletiva, de rótulo equívoco, para um líder vitalício, é a mudança para o despotismo individual, com poder absoluto e discricionário, no novo e perturbador império que disputa a hegemonia no Planeta.

Espanha – A chegada de um novo partido a liderar sondagens, Ciudadanos, de direita moderada, e sem a rede de corrupção que, desde Aznar, mina o PP, é um caso raro de sucesso do centro político na UE, onde a extrema-direita regressou e progride.

Espanha-2 – Para o Supremo Tribunal, onde o franquismo resiste, é crime de injúria rasgar a foto do rei, mas o Tribunal Europeu (TEDH) optou pela liberdade de expressão, garantida na Convenção Europeia de Direitos Humanos e na Constituição Espanhola.

Vaticano – A canonização de D. Oscar Romero, assassinado por denunciar a repressão e violência da ditadura e a exploração dos pobres, ostracizado por João Paulo II, é o ato de coragem do Papa Francisco a redimir a Igreja da conivência com as ditaduras.

União Europeia – Sem aprofundamento da integração política, económica e social, será inviável a moeda única, precária a paz, imprevisíveis as fronteiras e incerto o futuro. As eleições de vários países indiciam o regresso dos nacionalismos e a atração do abismo.

PR – A visita à Comunidade Islâmica de Lisboa, no 50.º aniversário, honrou a minoria e a liberdade religiosa em Portugal, mas outorgar-lhe a Ordem da Liberdade, enegreceu a venera sem ajudar à revisão da implacável misoginia e proselitismo do Corão.

Stephen Hawking – Aos 76 anos faleceu o genial astrofísico, que uniu a cosmologia e a termodinâmica. Ateu, o Universo foi o seu domicílio e a Física a religião. Paralisado, libertou-o o cérebro e manteve os neurónios ativos para a ciência e a sua divulgação.

Rússia – Putin é a grande referência dos povos da federação e o único político capaz de os mobilizar. A UE ostracizou-o, e agora tem Trump, Putin, Theresa May e Xi Jinping a ameaçar a sua unidade e interesses, sem política externa comum e sem argumentos.

Marielle Franco – A execução sumária desta política brasileira, socióloga, feminista e lutadora da liberdade e dos direitos humanos, num país de políticos e juízes corruptos, remete-nos para os esquadrões da morte, onde assassinos e polícias se confundem.

Reino Unido – A Sr.ª May afunda o País e acusa Putin de matar um ex-espião russo que mudou de patrão. Sem provas, com o precedente das armas químicas de Saddam, revela apenas um frete a Trump para disfarçar a derrota de ambos na ocupação da Síria.

Ferreira Fernandes – Independentemente do futuro da imprensa escrita, em geral, e do DN, em particular, a passagem do prestigiado jornalista a diretor, com currículo feito de inteligência, cultura e sabedoria, foi uma excelente notícia para os leitores.

Rui Rio – Os ataques que lhe dirigem revelam o medo de Agostinho Branquinho, Filipe Meneses, Hermínio Loureiro, Virgílio Macedo e Marco António, alegados beneficiários de milhões de euros, em municípios PSD, revelados na revista Visão e ignorados pela PGR.

Islão – A Bélgica controlou a Grande Mesquita para impor um Islão moderado, após ter verificado que vários jovens que a frequentavam foram lutar no Daesh, na Síria. Se não há um islão moderado, a religião é um caso de polícia. E não pode andar à solta.

Incêndios – As provas da origem criminosa de muitos deles, que trouxeram o luto e a desolação ao País, no último verão, são ignoradas por quem deseja usar a tragédia para fins partidários e a Justiça para combater adversários.

Armas químicas – A má reputação de Putin é merecida, mas o ostracismo a pretexto do alegado envenenamento do ex-espião, em Londres, sem provas, é a encenação grotesca e colossal para uma aventura belicista dos EUA, quiçá contra o Irão.

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