Igreja, liturgia e poder

Um bispo que abdique do Palácio Episcopal, dispa a mitra e a capa de asperges, pendure o báculo, aliene o anelão com ametista, dispense os fâmulos, reverências e beija-mãos, venda a custódia e ponha no prego a cruz de diamantes, pode tornar-se um cidadão.

Se o clero desistir do processo alquímico que transforma a água normal em benta, o pão ázimo em corpo e sangue de Jesus e as orações em modo de pagamento de apartamentos no Paraíso, pode recuperar a honestidade que o charlatanismo comprometeu. 

Se renunciar às novenas, missas e procissões, ao lausperene e ao te deum, pode reservar as energias para o bem público.

Se a confissão, a terrível arma que viola a intimidade dos casais, a honra dos crentes e a confiança da sociedade, for abolida, deixando ao deus que dizem omnisciente a devassa dos pecados e o sigilo, o mundo fica mais tranquilo.

As religiões são especialistas em idolatrar o passado e mitificá-lo. Fazem piedosas falsificações, inventam documentos e fazem relíquias para embevecer os carentes do divino em busca de uma assoalhada no Paraíso.

O incenso e os sinais cabalísticos prejudicam a reflexão e o livre-pensamento.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides