Saudades do governo de Passos Coelho e Paulo Portas
Naquele tempo, que Cavaco Silva desejou esticar, corriam rios de mel, e só não havia virgens à espera das vítimas porque era outra a devoção em Belém e S. Bento.
As matas eram então incombustíveis, à prova de pirómanos, as urgências dos hospitais aguardavam doentes para quebrarem o tédio aos enfermeiros e médicos, a banca estava capitalizada e sem créditos malparados, o emprego era pleno e os portugueses viviam felizes com a sobretaxa do IRS e divertidos com os orçamentos de Estado à espera dos retificativos.
Os vírus não matavam, o sarampo não era epidémico e a bastonária dos enfermeiros não se oporia à vacina obrigatória aos seus membros, para exercerem a profissão no Estado, se acaso ocorresse ao governo a prudência e o bom senso a ela.
As pessoas podiam andar deprimidas, mas as vacas dos Açores sorriam com a presença do casal presidencial, e as cagarras das ilhas Selvagens acolhiam ruidosamente a visita do PR sem a prótese conjugal.
O país vivia feliz, espoliado dos feriados identitários, 1.º de Dezembro e 5 de Outubro, e até o cardeal andava sossegado com o fim dos feriados que a Igreja impôs à República e a intimidade dos cônjuges recasados, sem precisão de apoiar manifestações de colégios privados onde a sua Igreja lucra mais do que com o negócio das almas.
Então, até os carrilhões de Mafra se seguravam às torres de onde ameaçam agora soltar-se, com a força com que o senhor D. João V se agarrava à madre Paula, em Odivelas, e ao ouro do Brasil para enviar ao Papa e obter dele o irónico e caro epíteto, Fidelíssimo.
A imprensa de reverência vivia em harmonia com o poder, designando a incompetência do PM por coragem e por institucional a cumplicidade entusiasta do PR.
Ditosos tempos! Os cravos de Abril tinham sido exonerados das lapelas do PR e do PM e a democracia era uma incómoda referência da Constituição que juraram, a ilustrar o adágio: «quem mais jura, mais mente».
As matas eram então incombustíveis, à prova de pirómanos, as urgências dos hospitais aguardavam doentes para quebrarem o tédio aos enfermeiros e médicos, a banca estava capitalizada e sem créditos malparados, o emprego era pleno e os portugueses viviam felizes com a sobretaxa do IRS e divertidos com os orçamentos de Estado à espera dos retificativos.
Os vírus não matavam, o sarampo não era epidémico e a bastonária dos enfermeiros não se oporia à vacina obrigatória aos seus membros, para exercerem a profissão no Estado, se acaso ocorresse ao governo a prudência e o bom senso a ela.
As pessoas podiam andar deprimidas, mas as vacas dos Açores sorriam com a presença do casal presidencial, e as cagarras das ilhas Selvagens acolhiam ruidosamente a visita do PR sem a prótese conjugal.
O país vivia feliz, espoliado dos feriados identitários, 1.º de Dezembro e 5 de Outubro, e até o cardeal andava sossegado com o fim dos feriados que a Igreja impôs à República e a intimidade dos cônjuges recasados, sem precisão de apoiar manifestações de colégios privados onde a sua Igreja lucra mais do que com o negócio das almas.
Então, até os carrilhões de Mafra se seguravam às torres de onde ameaçam agora soltar-se, com a força com que o senhor D. João V se agarrava à madre Paula, em Odivelas, e ao ouro do Brasil para enviar ao Papa e obter dele o irónico e caro epíteto, Fidelíssimo.
A imprensa de reverência vivia em harmonia com o poder, designando a incompetência do PM por coragem e por institucional a cumplicidade entusiasta do PR.
Ditosos tempos! Os cravos de Abril tinham sido exonerados das lapelas do PR e do PM e a democracia era uma incómoda referência da Constituição que juraram, a ilustrar o adágio: «quem mais jura, mais mente».
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