Caso Skripal e a nova ‘cruzada’ …
O proverbio português "Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém" adapta-se como uma luva à presente situação político-diplomática mundial.
O Mundo está confrontado com uma histérica ‘guerra diplomática’ contra a Rússia que, sob o comando da Grã-Bretanha, recente dissidente europeia, parece querer mobilizar (arrebanhar) os restantes países da União para uma ‘guerra santa’ cujos contornos são obscuros. Quase não há tempo para respirar perante catadupas de ameaças e expulsões.
No terreno da informação veiculada pelos órgãos oficiais ou oficiosos existem muitas convicções e, até ao momento, nenhumas provas. A precipitação em tomar medidas antes que os factos estejam cabalmente esclarecidos é (muito) suspeita. Até parece que os motivos são outros (que falta esclarecer).
Tem passado ao lado das torrentes informativas alguns alertas como os lançados pelo ex-embaixador britânico Craig Murray no seu blog “The Truth Seeker”. Alguns dos seus posts link; link; link dissecam os (fragéis) fundamentos e argumentos das acusações veiculadas por Theresa May e Boris Johnson questionando alguns pormenores que têm sido cirurgicamente omitidos.
Ora Craig Murray não é um terrorista nem um perigoso extremista contra o Ocidente. Foi um diplomata de SM no Uzbequistão, defensor dos Direitos Humanos e dedica-se a estudos historiográficos. As questões que coloca são demasiado pertinentes para não serem referidas ou tomadas em conta.
A histeria coletiva que varre o campo diplomático mais parece uma situação orquestrada link. Mais uma vez a Direita mostra a sua face link.
Quer discutir, no Parlamento, as atitudes que a diplomacia deve tomar neste caso específico. Como se a atuação diplomática - tradicionalmente recatada e discreta - deva ser objeto de prévia discussão pública num esquema que não ultrapassa as raias da chicana.
Existe subjacente a ideia que a Federação Russa é, ainda, a União Soviética. Todos sabemos que não o é, muito menos para a Esquerda (acusada de ter uma atitude ‘dócil’). Se acaso o modelo Putin procurasse defensores estes estariam na Direita ou na Extrema-direita (caso de Marine Le Pen) espectro político-partidário que convive bem com oligarquias. Esta a gritante contradição deste caso.
Bem tem andado o Ministro dos Negócios Estrangeiros. Tem mantido a calma, a compostura e uma atitude prudencial própria de um Estado que se quer – nesta situação como noutras – livre e soberano.
Se acaso não existissem outras razões bastaria termos em consideração de que as cruzadas não trouxeram nada de bom para a Humanidade. A 'nova cruzada' em curso não deverá ter um destino diferente.
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