46.º aniversário da morte de Picasso
Faleceu em 8 de abril de 1973 o maior pintor do século XX e o mais revolucionário das artes plásticas onde competiu com outros criadores geniais, como Matisse, Duchamp ou Braque.
Se tivesse de o apreciar por padrões morais teria de o proscrever, e não poderia disfrutar do génio que me fascina, da atração que todas e cada uma das fases do artista exercem em mim.
Há hoje uma inquietante tentativa de constrangimento social destinada a associar a arte aos defeitos dos artistas, da música à pintura, da literatura ao cinema, da ciência à filosofia, da política ao desporto, para proscrever os autores e silenciar a sua obra.
Permita-se-me ler Ezra Pound, admirar Einstein e deliciar-me com os filmes de Woody Allen sem ser obrigado a escrutinar a ideologia ou/e os seus comportamentos.
Hoje é dia de recordar Picasso.
Comentários
Em relação a Picasso o escrutínio ideológico - que está subjacente ao post - não levanta polémica.
Foi, durante toda a vida, um convicto anti-franquista que a natureza acabaria por trocar as voltas. Exilado em Paris jurou não regressar a Espanha enquanto o ditador fosse vivo. Viria a morrer em 1973, isto é, antes do desaparecimento físico do proclamado caudilho e não chegou a ver a sua pátria libertar-se de um execrável falangismo (que ainda a ameaça). E os seus restos mortais permanecem em França (Vauvenargues) e, deste modo, ficou, no seu definitivo repouso, longe das terras malaguenhas onde viu pela primeira vez a luz e as formas (cubistas, ou não) que genialmente soube pintar, retratar e esculpir.
São:
São coisas do mundo
Retalhos da vida
São coisas de qualquer lugar
Mas se eu fico mudo
Esse mundo imundo.
É capaz de me tentar mudar...