Massacre de Lisboa de 1506


Há 513 anos, em 19 de abril, em Lisboa, uma multidão perseguiu, torturou e matou mais de 4000 judeus. O Pogrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506, nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, resultou da acusação de serem a causa da seca, fome e peste que assolavam o país.

Em 1506 os judeus eram os suspeitos do costume e aos cristãos-novos nem a conversão forçada lhes permitia a tranquilidade. A sua perseguição era uma tradição que a intensa devoção dos católicos exigia e os padres estimulavam.

Depois viria a Inquisição, para dar cobertura legal às fogueiras purificadoras, e reunir hereges, bruxas, sacrílegos, apóstatas e outros inimigos da fé na incineração dedicada.
Os livres-pensadores duvidam do mau-olhado, da feitiçaria e outros truques e defendem a laicidade com a mesma tenacidade com que os devotos queimavam hereges. Perdeu-se a tradição ibérica que os reis de Espanha, Fernando e Isabel, cultivaram e impuseram a D. Manuel I. Ficaram na História, conhecidos por Reis Católicos, muito devotos à Igreja e com especial alergia ao banho, que abominavam.

Hoje, apesar dos milagres que já obraram e do desejo de franquistas em canonizá-los, os papas têm resistido em reconhecer-lhes os milagres e em elevá-los à santidade.

Já não há devoção como antigamente, e a chaga da laicidade anda aí para perdição das almas e azedume dos católicos integristas, talibãs de Cristo-Rei, que gostariam de levar missas e orações aos hospitais, presídios, universidades, escolas e repartições públicas.

As Cruzadas foram a apoteose da fé, a Evangelização um momento alto do proselitismo e a Santa Inquisição um tribunal cujos métodos revelaram o desvelo dos inquisidores e a força da fé.

Razão tinha a Santa Sé em não aceitar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, essa criação de ateus, livres-pensadores e outros malfeitores que impõem a igualdade de direitos para homens e mulheres, ao arrepio dos livros sagrados.

Comentários

Manuel Galvão disse…
Há quem conte a história assim: havia um surto de peste enorme, em quase todas as casas de Lisboa havia cadáveres e não havia quem os enterrasse. A Corte, seus vassalos e homens de armas fugiram para longe tendo o poder "caído na rua". Casas saqueadas. igrejas etc. os judeus foram os principais alvos. O rei, aproveitando o facto de haver um navio de guerra francês no Tejo pediu à guarnição auxilio para enterrar ou queimar os cadáveres, e proteger dos saques suas propriedades. Em contrapartida ficavam com o que conseguissem saquear. Os franceses, que tinham armas, fizeram uma grande fogueira aonde é hoje o Rossio e ordenaram aos habitantes que ainda cá estavam que transportassem os cadáveres para a fogueira. Foi oportunidade para saquear os judeus e matá-los, e de seguida atirá-los para a fogueira. Gente bárbara, mas não foi um auto de fé... a maioria dos cadáveres eram mortos da peste. Foi mais tarde considerado um massacre só de judeus, porque isso interessou tanto à comunidade judaica quanto ao Rei. Este último porque foi o responsável do massacre.

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