Viva a República!
Há 114 anos, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, Eusébio Leão proclamou a República, perante a aclamação jubilosa de milhares de populares.
A ação doutrinária e política levada a cabo pelo Partido
Republicano Português, desde a sua criação, em 1876, conduziu à Revolução que,
iniciada em 2 de outubro de 1910, fez capitular a monarquia na data gloriosa do
5 de Outubro.
Portugal colocou-se na vanguarda dos países que aboliram a
monarquia, regime que se perpetuava dentro de uma só família, com precedência
etária e do sexo masculino, cuja legitimidade era a tradição e a alegada
vontade divina.
Em 5 de outubro de 1910, os súbditos tornaram-se cidadãos e
os heróis que se bateram na Rotunda foram arautos da mudança que rejeitou os
regimes monárquicos na Europa e no Mundo, ou os remeteu para um lugar
decorativo.
Foi o ideário libertador da República que instituiu as leis
do divórcio, do registo civil obrigatório, da separação Igreja/Estado, marcas
inapagáveis da História de um povo e do seu avanço civilizacional. Foram
abolidos os títulos nobiliárquicos, os privilégios da nobreza e o poderio da
Igreja católica. O Registo Civil obrigatório substituiu os registos paroquiais
de batizados, casamentos e óbitos. Findou a injúria às famílias discriminadas
pelo padre no enterramento das crianças não batizadas, dos duelistas e
suicidas. O seu humanismo assentiu direitos iguais na morte aos que dependiam
do humor e do poder discricionário do clero ou do exotismo do direito canónico.
Fazem parte do devocionário laico os nomes de Cândido dos
Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo
Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso
Costa, João Chagas, além de Miguel Bombarda, entre muitos outros, alguns
anónimos, que prepararam e fizeram a Revolução.
É em homenagem a essa plêiade de portugueses íntegros, que
serviram a República sem dela se servirem, que foram dedicados e não se moveram
pelo desejo de honrarias ou de riqueza, que, hoje e sempre, os republicanos
sentem o dever de recordar o 5 de Outubro de 1910, data identitária do país que
somos e do regime que o 25 de Abril repôs, depois de 48 anos de fascismo.
Viva a República!
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