Timor, meu amor


Em Timor não serão ainda as masmorras do Santo Ofício que regressam mas o espírito da contra-reforma já que se instalou. Talvez o contágio do islão político, uma forma de demência fascista, não deixe imune o clero timorense, cheio de proselitismo e ávido de submeter o poder secular à vontade da Igreja católica.

A decisão governamental de tornar facultativa, a título experimental, a disciplina de religião, em 32 escolas públicas, provocou um confronto com o Governo legítimo de Mári Alkatiri cuja escalada não para de agravar-se.

A cumplicidade dos bispos, Alberto Ricardo da Silva, de Díli, e Basílio do Nascimento, de Baucau, é uma ameaça para a paz e um risco para a democracia. Não se limitam a pedir a anulação da decisão governamental, exigem a demissão do Governo.

As agressões e interrogatórios a que foram sujeitos dois portugueses - um professor e um funcionário de uma empresa de construção -, num simulacro de julgamento em casa do bispo de Díli, indiciam a existência de tortura, julgamentos populares e cárcere privado, sob os auspícios da diocese.

O Governo português não pode ficar silencioso perante a flagrante violação dos direitos humanos e a responsabilidade dos prelados que fomentaram as barricadas que, há mais de duas semanas, desafiam o Governo legítimo de Timor Lorosae, nem esquecer-se de pedir explicações ao Núncio apostólico.

Quem acode ao povo maubere? Depois do colonialismo português, da brutal ocupação japonesa e da barbárie indonésia, só faltava aos timorenses a tragédia de uma teocracia católica romana.

Carlos Esperança

Comentários

Anónimo disse…
"O governo português não ..." blá blá blá.
Mas que ideia mais estranha esta. Que tutela se espera utilizar ? Timor é independente.
Estas frases lembram-me aqueles que acham que os pais devem sempre interferir na vida dos filhos ! O governo timorense já pediu ajuda ? Isto é de facto neo-colonialismo. Não que eu esteja de acordo com o que a Igreja está a fazer (mas ainda se admiram ?).
Anónimo disse…
Ao desanimado:
O Governo português tem, na minha modesta opinião, obrigação de chamar o núncio apostólico e pedir explicações pelos crimes de cárcere privado, tortura e julgamento popular, crimes cometidos no Paço Episcopal com a conivência do bispo que deve obediência ao Vaticano.

Não podemos esquecer que as vítimas sãoportugueses e o Estado de Timor se encontra refém do poder excessivo da Igreja católica.
Anónimo disse…
Não, meu caro Esperança. O governo português não tem que chamar o Núncio. Tem que chamar o embaixador de Timor !
Anónimo disse…
Caro desaniamdo:

O crime não foi cometido pelo Governo de Timor foi pela diocede de Díli.
É o núncio que tem de responder, não o embaixador de um Governo humilhado e desasfiado pela Igreja.
Anónimo disse…
Tenha paciência, mas se um francês for atacado, em Portugal, por um brasileiro, quem responde é Portugal não o Brasil ! Isto independentemente da incrível postura da Igreja em Timor.
Anónimo disse…
Caro desanimado:

Admito que no aspecto jurídico possa ter razão.
No aspecto ético é a Santa Sé que tem de responder.
O crime foi praticado, ou com a cumplicidade, por representantes de uma potência estrangeira.
Não sei se não estaremos no início de uma nova ocupação por métodos de coacção psicológica.
Infelizmente paira um silêncio cúmplice.

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