Notas Soltas - Maio/2007
Turquia – Para gozo de Maomé, o irreprimível proselitismo islamita e a avidez beata do Paraíso ferem a laicidade do Estado e ameaçam a democracia.
Madeira – A linguagem reles do eterno presidente, que denomina os adversários de «gente rasca», mostra a deriva autoritária que os sucessivos Governos e Presidentes da República foram consentindo.
Lisboa. – O descalabro e o caos financeiro, com ou sem corrupção, arruinaram a Câmara. Manter a Assembleia Municipal e as Juntas de Freguesia que aí têm assento, torna o futuro executivo refém da maioria que conduziu ao desastre.
OTA – Num país de dez milhões de especialistas aeroportuários, surpreende que o local aprovado pelo Governo de Guterres e confirmado pelos de Durão Barroso e Santana Lopes, só tenha sido contestado por Marques Mendes após a decisão.
França – A vitória de Sarkozy ajudou os sectores radicais islâmicos da Turquia e decepcionou quem defende o reforço da solidariedade na União Europeia. Os pequenos países, como Portugal, só têm a perder.
Timor – A vitória de Ramos Horta é a que melhor serve a paz, a Indonésia, a Igreja católica e os interesses ligados ao petróleo. Venceu o pragmatismo.
Laicidade – As manifestações em Istambul, Ancara e Esmirna reuniram sempre mais de um milhão de pessoas, testemunho da consciência cívica e do repúdio da chária com que os sectores religiosos sonham e ameaçam.
Algarve – O rapto de uma criança inglesa, para além da tragédia individual e do sofrimento dos pais, foi explorado até à náusea pela comunicação social que esquece as crianças do Darfur porque são pobres e negras e poucas sobrevivem.
Tony Blair – O excelente primeiro-ministro inglês sai com a nódoa indelével da invasão do Iraque, mas sai pelo seu pé, com o país melhor do que encontrou e o Ulster pacificado.
Polónia – A perseguição a ex-comunistas e homossexuais atinge proporções que desassossegam a União Europeia, incapaz de lidar com a extrema-direita populista dos dois irmãos gémeos (presidente e primeiro-ministro).
Vaticano – A insistência de Bento XVI num acordo que proibisse o aborto e obrigasse ao ensino da religião católica nas escolas públicas, levou o presidente Lula a ter de lhe lembrar que o Brasil é um país laico.
CDS – A subida do PCP para 3.º e a descida do CDS para 4.º lugar, na Madeira, foi a derrota de Paulo Portas e um resultado que prenuncia o desaparecimento do partido do próximo executivo camarário de Lisboa.
Freitas do Amaral – Jubilou-se o ilustre professor de Direito que, no CDS, quis integrar na democracia os cúmplices do Estado Novo. Não conseguiu convencer a direita mais retrógrada e afastou-se do partido que fundou.
Carmona Rodrigues – A reincidência na candidatura é um acto de revolta contra o PSD. Os independentes, com boa aceitação eleitoral, têm dado más provas: Oeiras. Gondomar, Felgueiras e, agora, Lisboa.
Santana Lopes – Não se dá conta do desastre da sua passagem por Lisboa e pelo Governo. Já pouco mal faz ao País mas ainda destabiliza o PSD onde Marques Mendes dificilmente sobreviverá ao teste de Lisboa.
Espanha – Nas eleições municipais e autonómicas – um teste para as legislativas –, o PP teve mais votos e o PSOE mais mandatos. Pode falar-se de um empate técnico num país dividido ao meio com os dois maiores partidos cada vez mais antagónicos.
Coreia do Norte – Kim Jong-il é um dos mais obscuros ditadores do mundo, com armas nucleares e milhões de pessoas a morrerem à fome. A grave doença que o afecta deixa o povo aflito e o mundo preocupado.
Presidente da República – Ao pronunciar-se sobre a Ota, Cavaco imiscuiu-se em assuntos governamentais, parecendo querer trocar o cargo que exerce pelo de primeiro-ministro, mais de acordo com o seu perfil.
Venezuela – Ao não renovar a licença de um canal privado de televisão, Hugo Chavez, com a popularidade que lhe concedem o poder e os recursos petrolíferos, entrou na deriva populista que se temia a caminho de uma nova ditadura.
Al-Qaeda – A organização mais sanguinária da actualidade insiste no terror e no proselitismo islâmico. Vencer o terrorismo e impedir a demência mística que destrói a civilização e a modernidade é a tarefa urgente dos países laicos e democráticos.
Comentários
Correcção: 9999998. Há que descontar Sócrates e Lino, que são incapazes de explicar porque escolheram a Ota a não ser pelo argumento: todos os outros tinham feito assim.
"surpreende que o local aprovado pelo Governo de Guterres e confirmado pelos de Durão Barroso e Santana Lopes, só tenha sido contestado por Marques Mendes após a decisão."
Marques Mendes apanhou apenas a boleia de um movimento da sociedade civil como há muito não se via. E o movimento surgiu quando os técnicos perceberam que afinal havia alguém a levar a sério a construção da Ota.
Quanto ao PR, o assunto da Ota é de tal envergadura e compromete de tal modo o futuro que justifica plenamente a intervenção do PR. E eu nem votei nele.
"M.Mendes apanhou apenas a boleia de um movimento da sociedade civil..."
Agitar aqui mitos destes não vale!!!
CE:
Chapelada a estas Notas!
Onde é que está o mito?
fale-me de poderes económicos e imprensa associada. fale-me de sectores políticos falhos de outros argumentos.
fale-me de poderes económicos e imprensa associada. fale-me de sectores políticos falhos de outros argumentos."
Acredite no que quiser. Tenho assisitido a este movimento, tenho participado nele e tenho falado dele a outras pessoas. Os poderes económicos e a imprensa associada bem como sectores políticos falhos de outros argumentos existem dos dois lados. Mas não é isso que leva muitos técnicos a tomarem posições públicas. Há pessoas que nunca deram um passo para criticar os pequenos disparates de que vive o nosso planeamento e as nossas obras públicas mas que, no caso da Ota e por sentirem um dever cívico, assumem publicamente uma posição clara.
Mas o país tem capacidade para pagar ao mesmo tempo dois aeroportos pelo preço de três apenas para uma região limitada?
Que racionalidade existe em tudo isto?
João Soares diz que novo aeroporto é "parvoíce" e Margem Sul vai pagar com erro (Lusa)
O antigo presidente da Câmara de Lisboa João Soares acredita que construir o novo aeroporto na Ota é um "disparate total" que vai prejudicar a margem sul, defendendo que a Portela ainda não está esgotada. - www.sapo.pt
Eu não sei!
que se passa em Timor?
só se ouvem Ramos Horta e Xanana, desde as eleições que a comunicação social não dá eco das vozes de Alkatiri e Lu Olo ou qualquer outro opositor. Perdeu-se a estereofonia ou sou eu que ando distraído?
Não anda distraído. Os interesses geo-estratégicos ditam a sorte de Timor.
Não é exagero dizer que Timor é um país ocupado pela Austrália e pelo Vaticano que, por sua vez, representam outros interesses.