Religião e morte (2)
Ontem chorei…
À memória de
Doaa Aswad Dekhil *
Ontem chorei
ao escrever o poema do medo.
Chorei por dentro, de mansinho,
E só o sangue percebeu o ruído
e o soluço do meu corpo.
Chorei por ti, por mim,
por toda uma vida despida,
rasgada,
por aquela mulher que morreu
lapidada, por gente da sua tribo,
apenas por ter escolhido o amor
em liberdade,
e, também, por aquele muçulmano
que a amou e que a perdeu
e que entenderia, se os lesse,
os meus poemas de raiva
sobre a natureza de Deus.
Alexandre de Castro - Lisboa, Maio de 2007
* Jovem curda de 17 anos, da seita minoritária yazidí, no Iraque, e que foi apedrejada até à morte, numa agonia lenta de trinta minutos, por membros da sua família, por se ter convertido à religião islâmica, condição necessária (outra violentação) para se poder casar com o muçulmano, por quem se apaixonou.
À memória de
Doaa Aswad Dekhil *
Ontem chorei
ao escrever o poema do medo.
Chorei por dentro, de mansinho,
E só o sangue percebeu o ruído
e o soluço do meu corpo.
Chorei por ti, por mim,
por toda uma vida despida,
rasgada,
por aquela mulher que morreu
lapidada, por gente da sua tribo,
apenas por ter escolhido o amor
em liberdade,
e, também, por aquele muçulmano
que a amou e que a perdeu
e que entenderia, se os lesse,
os meus poemas de raiva
sobre a natureza de Deus.
Alexandre de Castro - Lisboa, Maio de 2007
* Jovem curda de 17 anos, da seita minoritária yazidí, no Iraque, e que foi apedrejada até à morte, numa agonia lenta de trinta minutos, por membros da sua família, por se ter convertido à religião islâmica, condição necessária (outra violentação) para se poder casar com o muçulmano, por quem se apaixonou.
Comentários
E há quem morra por ele!
Parabéns Alexandre.