Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
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provérbio popular
No discurso de abertura do último Congresso do PS, Sócrates, atacou, sem nunca explicitar ou nomear, um director de um jornal e um canal televisivo.
Refugiou-se na ambiguidade, deu azo a falsos suspenses e à disseminação de todo o tipo de especulações.
Sócrates, tem todo o direito de se indignar contra uma imprensa que, precipitadamente, o tenta indiciar como culpado.
Refiro-me ao caso Freeport.
Já teve outros casos com a Imprensa, envolvendo outros meios de comunicação social, como a licenciatura na ex-Universidade Independente, os projectos na Câmara da Guarda, etc.
Estas situações são incómodos pessoais que, levam à suposição de que o pretendem atingir enquanto actual governante e dirigente do PS.
Mas, em primeiro lugar, são questões que dizem respeito ao percurso da vida privada ou profissional e precedem o exercíco das actuais funções.
Se, algum dia, vierem a afectar o exercício do poder, terão necessáriamente de passar pelo crivo da prova.
Caso contrário, penso que a Imprensa deve ser chamada a responder em sede própria, o que, nos casos anteriores, não se verificou.
Hoje, os meios mediáticos tem outros e novos âmbitos e, também, pretendem atingir novos e mais ousados objectivos.
Bob Woodward e Carl Bernstein, jornalistas do Washington Post, ao denunciar o escândalo Watergate, levou à renuncia do presidente de uma dos Estados mais poderosos so Mundo.
Nasceu, aqui, e continua a crescer uma "imprensa de investigação", com grandes meios técnicos ao seu alcance e um tremenda capacidade de intrusão na esfera pública e privada.
Há uma imprensa pré-Watergate e outra que, ainda, actua nos dias de hoje, tendo o Washington Post como paradigma.
Sócrates, tem todo o direito de se defender. Penso, contudo, que para estes casos, existe sede própria para o efeito. Õs casos em referência não dizem directamente respeito ao exercício de Secretário-Geral do PS, nem à chefia do XVII Governo Constitucional.
Por outro lado, temos uma Imprensa que não é, nem nunca será, inocente.
Tem o seu estatuto editorial, têm as suas cartas de estilo.
Para além disso, dissimuladamente ou às claras, mas quse sempre de modo encoberto, colocam-se à Direita, ao Centro ou à Esquerda do espectro político.
Acontece assim em todo o Mundo.
Todos gostaríamos que existisse em Portugal, e no Mundo, uma imprensa livre, isenta e responsável.
Já que não será tão isenta como muitos (e não só Sócrates) desejávamos, que seja ao menos livre.
Livre, até, para "criar" factos políticos...até, para cultivar a "asneira" e a "maldicência".
É preferível essa Imprensa absolutamente imperfeita e mesmo conotada com interesses vários, mas livre de publicar o que aprouver do que outra sensível a qualquer tipo de intimidações ou que seja, repressivamente, pelos poderes públicos, amordaçada.
Porque, uma das outras vertentes (há muitas), - a necessidade da Imprensa ser responsável - é um assunto da alçada do poder judicial.
Declaração de interesses:
Não nutro qualquer tipo solidariedade ou de respeito pela idoneidade profissional por Manuela Moura Guedes ou por José Manuel Fernandes. Não os considero "bons" jornalistas. Ponto final.
A minha opção prioritária é por uma Imprensa Livre.
O resto vem por acréscimo...na lenta aprendizagem da vivência democrática.