Brasil – O aborto e a excomunhão
Não está provado que o mau olhado de uma mulher de virtude seja menos danoso para a alma do que o anátema de um virtuoso bispo católico, mas sabe-se do terror que infunde num país supersticioso a fúria de um prelado que tem alvará para excomunhões.
Quando um bispo defende que uma criança de nove anos, violada pelo padrasto, grávida de gémeos, deve prosseguir a gravidez, arriscando a vida, diz apenas uma tolice, danosa para a inteligência e benéfica para a alma. Mas se esse prelado, desvairado pela fé, tudo faz para arriscar a vida da menina e sujeitá-la à morte é um velhaco.
José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, não aceita que uma criança de 33 quilos e 1,36 metros de altura não tem condições físicas nem psicológicas para ser mãe e queria obrigá-la a expiar o crime de violação de que foi a vítima.
Este bispo, que a idade e o múnus tornaram intolerante, foi nomeado em 1985, por João Paulo II, para substituir D. Hélder Câmara cuja grandeza ética e coragem cívica o tornaram uma referência mundial. Foi o início do regresso da Igreja católica ao Concílio de Trento cujo último episódio foi o abraço fraterno de Bento XVI aos bispos fascistas e anti-semitas sagrados por monsenhor Lefebvre.
Mas o que está em causa é a desumanidade do prelado a quem não tremeu o báculo nem tombou a mitra para excomungar os médicos que procederam ao aborto, para pouparem a vida da criança, e excomungar também a mãe da menina, que o autorizou.
Como não bastava o desvario pio do arcebispo brasileiro, veio em sua defesa o Vaticano para dizer ao mundo que a cegueira não é do bispo inclemente mas da fé que o sustenta, do Papa, que só conhece a compaixão do Santo Ofício, e dos cardeais da Cúria romana, que sobreviveram ao Iluminismo e à Revolução francesa.
A excomunhão é uma arma obsoleta nos países europeus, em desuso até em Malta ou na Irlanda, mas, não nos iludamos, o regresso à superstição traz de novo o espírito prosélito das Cruzadas e a misericórdia do Santo Ofício. Sob o camauro deste pontífice perduram as ideias medievais que lhe enchem a agenda destinada a seduzir os extremistas.
O arcebispo de Olinda e Recife, o Papa e os cardeais da Cúria romana não envelhecem, envilecem.
Quando um bispo defende que uma criança de nove anos, violada pelo padrasto, grávida de gémeos, deve prosseguir a gravidez, arriscando a vida, diz apenas uma tolice, danosa para a inteligência e benéfica para a alma. Mas se esse prelado, desvairado pela fé, tudo faz para arriscar a vida da menina e sujeitá-la à morte é um velhaco.
José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e Recife, não aceita que uma criança de 33 quilos e 1,36 metros de altura não tem condições físicas nem psicológicas para ser mãe e queria obrigá-la a expiar o crime de violação de que foi a vítima.
Este bispo, que a idade e o múnus tornaram intolerante, foi nomeado em 1985, por João Paulo II, para substituir D. Hélder Câmara cuja grandeza ética e coragem cívica o tornaram uma referência mundial. Foi o início do regresso da Igreja católica ao Concílio de Trento cujo último episódio foi o abraço fraterno de Bento XVI aos bispos fascistas e anti-semitas sagrados por monsenhor Lefebvre.
Mas o que está em causa é a desumanidade do prelado a quem não tremeu o báculo nem tombou a mitra para excomungar os médicos que procederam ao aborto, para pouparem a vida da criança, e excomungar também a mãe da menina, que o autorizou.
Como não bastava o desvario pio do arcebispo brasileiro, veio em sua defesa o Vaticano para dizer ao mundo que a cegueira não é do bispo inclemente mas da fé que o sustenta, do Papa, que só conhece a compaixão do Santo Ofício, e dos cardeais da Cúria romana, que sobreviveram ao Iluminismo e à Revolução francesa.
A excomunhão é uma arma obsoleta nos países europeus, em desuso até em Malta ou na Irlanda, mas, não nos iludamos, o regresso à superstição traz de novo o espírito prosélito das Cruzadas e a misericórdia do Santo Ofício. Sob o camauro deste pontífice perduram as ideias medievais que lhe enchem a agenda destinada a seduzir os extremistas.
O arcebispo de Olinda e Recife, o Papa e os cardeais da Cúria romana não envelhecem, envilecem.
Ponte Europa/SORUMBÁTICO
Comentários
- dois inconciliáveis prelados;
... e as mesmas vítimas inocentes !
D. Helder Câmara frequentava as favelas, conhecia o Mundo era, para além de bispo, um actor e um animador social.
D. Cardoso Sobrinho, nunca deve ter dado um passo para além do baptistério, recolhe-se no perfumado incenso do altar-mor, e nunca se constipou pondo o pé fora da sacristia...
Exerce o seu múnus de costas voltadas para o Mundo...!
D. Helder vivia numa casa modesta junto igreja das Fronteira , em Boavista, Recife. O próprio arcebispo abria a porta aos paroquianos que o procuravam.
Preocupava-se mais com a miséria e as perseguições que varriam o Brasil - grande parte do seu apostolado decorreu sob a ditadura militar - do que com o policiamneto religioso do comportamento social e humano dos seus diocesianos, sempre disposto a ajudar. Sem reservas.
D. Cardoso Sobrinho, mora no sumptuoso Palácio dos Manguinhos, em Olinda, onde não chegam os ruídos do Mundo, mas tem a majestade suficiente para excomungar e condenar crianças estupradas...
D. Helder, dizia, frequentemente:
"Quando falo dos esfomeados, chamam-me cristão; quando falo das causas da fome, chamam-me comunista"...
Quando, Carvalho Sobrinho fala, sopra um vento de Trento, com a infecta aragem do "Index Librorum Prohibitorum" e a maléfica intensificação dos Autos de Fé.
A atitude do actual arcebispo de Recife e Olinda não é mais do que um contemporâneo auto de fé ...