Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
Thomas Huxley
Barak Obama é um cristão protestante, pertence à United Church of Christ, cujas origens se entroncam (também, mas não só) na religião evangélica.
Mas esse facto é um mero referencial individual e do foro íntimo e, nesta questão, não é relevante.
Durante a campanha eleitoral soube distanciar-se, rejeitar, a utilização da religião - seja ela qual for - como arma de arremesso político.
Além disso, tinha à frente dos seus olhos a nefasta influência dos dogmas evangélicos sobre G.W. Bush.
A investigação sobre as células estaminais são um dos muitos exemplos dessa desastrosa interferência da religião na política, promovida pela anterior Administração.
Mas a proibição da investigação sobre as células estaminais não é exemplo único.
A problemática do aborto e dos casamentos gays sofreu as mesmas pressões nos conturbados tempos de Bush.
A nova concepção política de Obama é sobretudo um posicionamento com três vertentes:
1.) o posicionamento realista perante a religião (mesmo para aqueles que não professam qualquer religião);
2.) o exercício pleno da liberdade religiosa nos EUA;
3.) a absoluta separação entre a ciência e a religião.
A não observância da deste terceiro item, no que diz respeito à investigação sobre as células estaminais, acarretaria, no futuro, aos EUA, graves perturbações na inovação tecnológica.
A investigação sobre células estaminais deslocalizou-se para o Reino Unidos e Países do Oriente. Muitos cientistas acompanharam esta "deslocalização".
Os que pernaneceram nos EUA estavam totalmente condicionados e, para continuarem a trabalhar, precisavam de "iludir a proibição", tornado-se nums investigadores clandestinos.
As enormes poencialidades da investigação com células estaminais abre poderosas perspectivas sobre inovações terapêuticas de capital importância, como p. exº., a diabetes.
Os EUA detêm, desde há largos anos, uma posição de vanguarda na investigação terapêutica que, neste momento, começava a ficar ameaçada. Dessa posição de liderança têm auferido substanciais retornos em royalties e na venda ou exportação directa, ou indirecta, de fármacos. A investigação biotecnológica que tem originado o aparecimento de "medicamentos biológicos", fundamentalmente, na área do desenvolvimento imunológico, prometem ser um "negócio" ainda mais promissor, em termos económicos.
Os EUA não podiam deitar borda bfora esta oportunidade...
Obama, não teve problemas. Deixou as suas convicções cristãs no seu devido lugar e tomou uma atitude politicamente realista.
Quer devolver a supremacia na área da investigação terapêutica na área biotecnológica aos EUA.
Tratou do futuro.
Autorizou a utilização de fiundos públicos na investigação em células estaminais.
Justificou-se, politicamente, afirmando:
"Promoting science isn't just about providing resources, it is also about protecting free and open inquiry."